31 de dez. de 2015

Santa Maria Mãe de Deus - Primeiro Dia do Ano

A maternalidade de Maria resplandece com tão virginal fulgor, que todas
as virgens, diante dEla, são como se não o fossem. Somente Ela é a
imaculada, a Virgem entre as virgens, a única que perfuma
e torna perfeita a castidade de todas.
No primeiro dia do ano novo, o calendário dos santos se abre com a festa de Maria Santíssima, no mistério de sua maternidade divina. Escolha acertada, porque de fato Ela é "a Virgem mãe, Filha de seu Filho, humilde e mais sublime que toda criatura, objeto fixado por um eterno desígnio de amor". Ela tem o direito de chamá-lo "Filho", e Ele, Deus onipotente, chama-a, com toda verdade, Mãe!
 Vós tendes, ó Maria, autoridade de Mãe para com Deus,
e por isso alcançais também o perdão aos mais
abjetos pecadores. Em tudo vos  reconhece
o Senhor por sua verdadeira Mãe e não
pode deixar de atender a cada
desejo vosso.

(Santo Afonso Maria de Ligório, As Glórias de Maria)
Foi a primeira festa mariana que apareceu na Igreja ocidental. Substituiu o costume pagão das dádivas e começou a ser celebrada em Roma, no século IV. Desde 1931 era no dia 11 de outubro, mas com a última revisão do calendário religioso passou à data atual, a mesma onde antes se comemorava a circuncisão de Jesus, oito dias após ter nascido.
Num certo sentido, todo o ano litúrgico segue as pegadas desta maternidade,começando pela solenidade da Anunciação, nove meses antes da Natividade. Maria concebeu por obra do Espírito Santo. Como todas as mães, trouxe no próprio seio aquele que só ela sabia que se tratava do Filho unigênito de Deus, que nasceu na noite de Belém.
Ela assumiu para si a missão confiada por Deus. Sabendo, por conhecer as profecias, que teria também seu próprio calvário, enquanto mãe daquele que seria sacrificado em nome da salvação da Humanidade. Deus se fez carne por meio de Maria. Ela é o ponto de união entre o Céu e a Terra. Contribuiu para a obtenção da plenitude dos tempos. Sem Maria, o Evangelho seria apenas ideologia, somente "racionalismo espiritualista", como registram alguns autores.
O próprio Jesus através do apóstolo São Lucas (6,43) nos esclarece: "Uma árvore boa não dá frutos maus, uma árvore má não dá bom fruto". Portanto, pelo fruto se conhece a árvore. Santa Isabel, quando recebeu a visita de Maria já coberta pelo Espírito Santo, exclamou: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre." (Lc1,42). O Fruto do ventre de Maria é o Filho de Deus Altíssimo, Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor. Quem aceita Jesus, fruto de Maria, aceita a árvore que é Maria. Maria é de Jesus e Jesus é de Maria. Ou se aceita Jesus e Maria ou se rejeita a ambos.
Por tomar esta verdade como dogma é que a Igreja reverencia, no primeiro dia do ano, a Mãe de Jesus. Que a contemplação deste mistério exerça em nós a confiança inabalável na Misericórdia de Deus, para nos levar ao caminho reto, com a certeza de seu auxílio, para abandonarmos os apegos e vaidades do mundo, e assimilarmos a vida de Jesus Cristo, que nos conduz à Vida Eterna. Assim, com esses objetivos entreguemos o novo ano à proteção de Maria Santíssima que, quando se tornou Mãe de Deus, fez-se também nossa Mãe, incumbiu-se de formar em nós a imagem de seu Divino Filho, desde que não oponhamos de nossa parte obstáculos à sua ação maternal.
A comemoração de Maria, neste dia, soma-se ao Dia Universal da Paz. Ninguém mais poderia encarnar os ideais de paz, amor e solidariedade do que ela, que foi o terreno onde Deus fecundou seu amor pelos filhos e de cujo ventre nasceu aquele que personificou a união ente os homens e o amor ao próximo, Nosso Senhor Jesus Cristo. Celebrar Maria é celebrar O nosso Salvador. Dia da Paz, dia de nossa Mãe, Maria Santíssima. Nos tempos sofridos em que vivemos, um dia de reflexão e esperança!
A predestinação de Maria a maternidade divina
A predestinação com que a Santíssima Virgem foi eleita é especial, única entre todas, não somente pelo grau, mas pelo gênero. Se Maria é, na verdade, a primeira criatura predestinada com a mais perfeita imagem de seu Filho, é, além disso e a outro título, a única predestinada em qualidade de Mãe sua.
Para demonstrar a afirmação de que desde toda a eternidade Deus predestinou a Santíssima Virgem Maria para ser a Mãe do Verbo encarnado, o insigne dominicano Fr. Royo Marín evoca a pura voz da infabilidade pontifícia:
Contemplamos hoje Maria, mãe sempre virgem do
Filho unigênito do Pai; aprendemos d'Ela a
receber o Menino que nasceu
para nós em Belém...

Trecho da Homilia de Bento XVI na Solenidade
da Mãe de Deus, 1° de Janeiro de 2008
"Na Bula Ineffabilis Deus, com a que Pio IX definiu o dogma da Imaculada Conceição, leêm-se expressamente estas palavras: "Elegeu e assinalou (Deus), desde o princípio e antes dos tempos, para seu Unigênito uma Mãe, na qual Ele se encarnaria, e da qual, depois, na ditosa plenitude dos tempos, nasceria; e em tal grau A amou acima de todas as criaturas, que somente nEla se comprouve com singularíssima benevolência."
Nada sucede, nem pode suceder no tempo que não tenha sido previsto ou predestinado por Deus desde toda a eternidade. Logo, se a Virgem Maria é, de fato, a Mãe do Verbo encarnado, claro está que foi predestinada para isso desde toda a eternidade. É uma verdade tão límpida e evidente que não necessita demonstração alguma.



A maternidade divina de Maria
Todos os títulos e grandezas de Maria dependem do fato colossal de sua maternidade divina. Maria é imaculada, cheia de graça, Co-redentora da humanidade, Rainha dos Céus e da Terra e Medianeira universal de todas as graças, etc., porque é a Mãe de Deus. A maternidade divina A coloca a tal altura, tão acima de todas as criaturas que São Tomás de Aquino, tão sóbrio e discreto em suas apreciações, não hesita em qualificar sua dignidade como sendo de certo modo infinita. E seu grande comentarista, o Cardeal Caietano, diz que Maria, por sua maternidade divina, alcança os limites da divindade. Entre todas as criaturas, é Maria, sem dúvida alguma, a que tem maior afinidade com Deus.
Assim, no dizer de outro eminente mariólogo "o dogma mais importante da Virgem Maria é sua maternidade divina". É o primeiro alicerce sobre o qual se levanta o edifício da grandeza mariana. É este um fato que excede de tal modo a força cognoscitiva do homem que deve ser enumerado entre os maiores mistérios de nossa fé.

         Que uma humilde mulher, descendente de Adão como nós, se torne Mãe de Deus, é um mistério tão sublime de elevação do homem e de condescendência divina, que deixa atônita qualquer inteligência, angélica ou humana, no séculos e na eternidade.


Maria, verdadeira Mãe de Deus
Para que uma mulher possa dizer-se verdadeiramente mãe, é necessário que subministre à sua prole, por via de geração, uma natureza semelhante (ou seja, consubstancial) à sua.
Suposta esta óbvia noção da maternidade, não é tão difícil compreender-se de que modo a Virgem Santíssima possa ser chamada verdadeira Mãe de Cristo, tendo Ela subministrado a Cristo, por via de geração, uma natureza semelhante à sua, ou seja, a natureza humana.
A dificuldade surge, porém, quando se procura compreender de que modo a Virgem Santíssima pode ser chamada verdadeira Mãe de Deus, pois não se vê bem, à primeira vista, de que modo Deus possa ser aqui gerado. Não obstante isso, se se observar atentamente, as duas fórmulas: Mãe de Cristo e Mãe de Deus, se equivalem, pois significam a mesma realidade e são, por isso, perfeitamente sinônimas. Nossa Senhora, com efeito, não é denominada Mãe de Deus no sentido de que houvesse gerado a Divindade (ou seja, a natureza divina do Verbo) e sim no sentido de que gerou, segundo a humanidade, a divina pessoa do verbo.
O sujeito da geração e da filiação não é a natureza, mas a pessoa. Ora, a divina pessoa do Verbo foi unida à natureza humana, subministrada pela Virgem Santíssima, desde o primeiro instante da concepção; de modo que a natureza humana de Cristo não esteve jamais terminada, nem mesmo por um instante, pela personalidade humana, mas sempre subsistiu, desde o primeiro momento de sua existência, na pessoa divina do Verbo. Este e não outro é o verdadeiro conceito da maternidade divina, tal como foi definida pelo Concílio de Éfeso, em 431.
Em suma, "Maria concebeu realmente e deu à luz segundo a carne à pessoa divina de Cristo (única pessoa que há nEle), e, por conseguinte, é e deve ser chamada com toda propriedade Mãe de Deus.
Não importa que Maria não haja concebido a natureza divina enquanto tal (tampouco as outras mães concebem a alma de seus filhos), já que essa natureza divina subsiste no Verbo eternamente e é, por conseguinte, anterior à existência de Maria. Ela, porém, concebeu uma pessoa - como todas as demais mães -, e como essa pessoa, Jesus, não era humana, mas divina, segue-se logicamente que Maria concebeu segundo a carne a pessoa divina de Cristo, e é, portanto, real e verdadeiramente Mãe de Deus.


O testemunho da Escritura
Mae de Bom Conselho de Genazzano_.jpg
 Jamais teve alguém em seus braços tesouro
de igual valor: infinito...! Entretanto, quem foi mais
desejosa  do que Nossa Senhora de atrair outros
para compartilharem de Seu tesouro?


Mons. João Scognamiglio Clá Dias,
Mater Boni Consilii, p. 5)
A Sagrada Escritura nos diz explicitamente que a Virgem Santíssima é verdadeira Mãe de Jesus (Mt, II, 1; Lc. II, 37-48; Jo. II, 1; At. I, 14). Com efeito, Jesus nos é apresentado como concebido pela Virgem (Lc. I, 31) e nascido da Virgem (Lc. II, 7-12). Mas, Jesus é verdadeiro Deus, como resulta do seu próprio e explícito testemunho, pela fé apostólica da Igreja, pelo testemunho de São João, etc. Para se poder negar sua divindade, não há outro caminho senão rasgar todas as páginas do Novo Testamento.
Ora, se Maria é verdadeira Mãe de Jesus e Jesus é verdadeiro Deus, segue-se necessariamente que Maria é verdadeira Mãe de Deus.
São Paulo ensina explicitamente que, "chegada a plenitude dos tempos, Deus mandou seu Filho, feito de uma mulher" (Gal. IV, 4). Por estas palavras, manifesta-se claramente que Aquele que foi gerado ab aeterno pelo Pai é o mesmo que foi, depois, gerado no tempo pela Mãe; mas Aquele que foi gerado ab aeterno pelo Pai é Deus, o Verbo. Portanto, também o que foi gerado no tempo pela Mãe é Deus, o Verbo.
Ainda mais clara e explícita, em seu vigor sintético, é a expressão de Santa Isabel. Respondendo à saudação que Maria lhe dirigira. Santa Isabel, inspirada pelo Espírito Santo, disse, cheia de admiração: "E como me é dado que a Mãe de meu Senhor venha a mim?" (Lc I, 43).
A expressão meu Senhor é, evidentemente, sinônimo de Deus, pois que, em seguida, Isabel acrescenta: "Cumprir-se-ão em Ti todas as coisas que te foram ditas da parte do Senhor", ou seja, da parte de Deus. Isabel, portanto, inspirada pelo Espírito Santo, proclamou explicitamente que Maria é verdadeira Mãe de Deus.


A voz da tradição
Toda a tradição cristã, a partir dos tempos apóstolicos, é uma proclamação contínua desta verdade mariológica fundamental. Nos dois primeiros séculos, os Padres ensinaram que Maria concebeu e deu à luz a Deus. No terceiro século, começa o uso do termo que se tornou clássico: Theotokos, ou seja, Mãe de Deus.
No século IV, mesmo antes do Concílio de Éfeso, a expressão Mãe de Deus se tornara tão comum entre os cristãos, que dava nos nervos do Imperador Juliano, o Apóstata, o qual se lamentava de os cristãos não se cansarem nunca de chamar a Maria de Mãe de Deus. João de Antioquia aconselhava a seu amigo Nestório para não insistir demasiado em negar este título, a fim de evitar tumulto do povo. O próprio Alexandre de Hierápolis, cognominado de outro Nestório, reconhecia que a expressão Mãe de Deus estava em uso entre os cristãos desde muito tempo.
A exultação mesma que os fiéis demonstraram, quando a maternidade divina foi definida solenemente como dogma de fé, comprova até à evidência quão profundamente na alma estava radicada essa verdade fundamental na alma daqueles antigos cristãos. Por isso, no sentir do Pe. Terrien, "as definições dos concílios não introduziram um novo dogma, mas foram antes a sanção oficial da fé da Igreja, motivada pelas sacrílegas negações dos inovadores." (Pequeno Ofício da Imaculada Conceição comentado, Monsenhor João Clá Dias, EP, Artpress, São Paulo,1997, p. 365 à 367)

28 de dez. de 2015

Santos Inocentes

Ao ver-se enganado pelos magos, Herodes se enfureceu e mandou matar, em Belém e seus arredores, a todos os meninos menores de dois anos, de acordo com a data que os magos lhe haviam indicado. Assim cumpriu-se o que havia sido anunciado pelo profeta Jeremias: "Em Ramá se ouviu uma voz, houve lágrimas e gemidos: é Raquel, que chora seus filhos e não quer que a consolem, porque já não existem".
Quando morreu Herodes, o Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, que estava no Egito, e lhe disse: «Levanta, toma o menino e sua mãe, e regressa à terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menno». José levantou-se, tomou o menino e a sua mãe, e entrou na terra de Israel. Porém, ao saber que Arquelao reinava na Judeia, no lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir ali e, advertido en sonhos, retirou-se para a região da Galileia, onde se estabeleceu em uma cidade chamada Nazaré. Assim cumpriu-se o que havia sido anunciado pelos profetas: "Será chamado Nazareno".
Matança dos Santos Inocentes
No segundo capítulo do Evangelho de São Mateus encontramos a narração das circunstâncias da fuga da Sagrada Família Fuga para o Egito por Giotto..jpgde Belém para o Egito. Foi um êxodo, um fato histórico relacionado com a perseguição ordenada por Herodes, o Grande, que tinha como objetivo matar o Menino Jesus.
Nesta ocasião, José, o pai adotivo que protegia a vida do Menino Jesus, fugiu levando consigo Maria e seu Filho. Ele foi inspirado em sonhos por um Anjo e marchou para o Egito, onde, segundo a tradição, refugiaram-se durante seis meses no monte Qusqam, sendo acolhidos pelos habitantes da região.
É assim que a terra do Egito, que hospedou Jesus na sua primeira infância junto com sua Mãe Nossa Senhora e o pai São José, pode ser considerada como Terra Santa, pois, foi lugar de passagem e de presença de Nosso Senhor.
Após algum tempo, finalmente, uma nova aparição do Anjo, em sonho, anuncia a São José a morte de Herodes. A Sagrada Família pode, então retornar para a terra de Israel.
Na narração da fuga da Sagrada Família para o Egito, três versículos (Mt 2,16-18) descrevem a ferocidade do rei Herodes, que, para matar Jesus, decidiu exterminar todos os meninos de dois anos para baixo que viviam em Belém.
Este acontecimento pode ser interpretado como sendo um preludio das grandes perseguições dos mártires durante os primeiros séculos. Com a matança de inocentes, Herodes quis sufocar toda possibilidade de perigo que o levasse a perder seu domínio absoluto. E, para ele o Messias representava uma grande ameaça.
São Mateus interpreta a historia da matança dos inocentes sob o ponto de vista do plano salvífico de Deus e a intende em um sentido profético como sendo o cumprimento das Escrituras. É por isso o evangelista faz referencia ao profeta Jeremias, que se narra o lamento da matriarca Raquel pelo povo de Israel, levado ao exílio na Babilônia: «um grito se ouve em Ramá, pranto e lamentos grandes; é Raquel que chora por seus filhos e recusa o consolo, porque já não vivem» (Mt 2,18; cf. Jr 31,15). Para Mateus, os meninos assassinados em Belém representam o povo de Israel e a dor vivida pelas mães é a dor do povo que não reconheceu o Rei-Messias. (JS)

24 de dez. de 2015

Feliz e Santo Natal!

Que a Sagrada Família de Nazaré lhe conceda as melhores graças e bênçãos de um Santo e Feliz Natal!

Acesse: http://cartoesdenatal.arautos.org/

13 de dez. de 2015

Programa Ceará Católico divulga o Presépio dos Arautos do Evangelho

Venha conhecer o 

Presépio Som, Luz e Movimento,

 dos Arautos do Evangelho


O programa Ceará Católico, da TV Ceará - Canal 5, transmitiu ao longo do mês de novembro um especial sobre os Arautos do Evangelho. Em um destes programas, a apresentadora Ana Clara Rocha entrevistou o encarregado da Sede dos Arautos, em Fortaleza, Sr. Geraldo Cúrcio que convidou os telespectadores a conhecerem o Presépio Som, Luz e Movimento que se encontra instalado na residência dos Arautos, no endereço abaixo.


Assista à entrevista!




O Presépio se encontra disponível para visitação aos finais de semana, de sexta a domingo, das 16:00 hs às 21:00 hs. Para os demais dias da semana é necessário agendar desde que a visitação for para grupos acima de 15 pessoas.


Rua: Coronel Francisco Flávio Carneiro, 190. 
Bairro: Luciano Cavalcante. 
Contato: (85) 3272-2413


11 de dez. de 2015

VISITAS AO PRESÉPIO, EM GRUPOS

Venha com sua família! É como num teatrinho; a apresentação tem início no escuro ao abrir das cortinas, e é a partir de sons que as luzes vão acendendo e os personagens, se movimentando, dando vida a mais bela de todas as histórias da humanidade: O nascimento do Menino Jesus e os principais episódios de Sua Vida!
  
CATEQUESE DA COMUNIDADE SANTA TEREZINHA DA PARÓQUIA SENHOR DO BOM FIM
O Presépio está em exibição de sexta-feira a domingo, das 16h00 às 21h00
A entrada é franca; não é necessário agendar. 
As sessões são ininterruptas, com duração de 25 minutos.
Está localizado na Av. Cel. Francisco Flávio Carneiro, 190, Luciano Cavalcante (próximo ao Toque de bola 3).
Maiores informações pelo Telefone: 3272-2413

5 de dez. de 2015

Se você não abrir...

Um famoso pintor, conhecido pelo realismo e precisão de suas obras, pintou certa vez um quadro no qual se inspirou o escultor da obra cuja foto reproduzimos.
— Há um erro no seu quadro — observaram-lhe.
— Qual?
— A porta não tem fechadura…
— Então acertei. Não é erro; essa porta, só abre por dentro: é a porta da alma, ou do coração, se quiser.
* * *
Com efeito, Jesus bate em inúmeras ocasiões à nossa porta: quando admiramos um belo pôr do Sol, ao recebermos um bom conselho, ao lermos uma palavra edificante, quando nos aproximamos dos Sacramentos ou estamos junto ao Sacrário, no silêncio da oração ou até mesmo quando nos visita o sofrimento.
“Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e Me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, Eu com ele e ele comigo” (Ap 3, 20), diz a Sagrada Escritura. Nesses momentos está querendo entrar em nosso íntimo. Paulo Eduardo Roque Cardoso
Contudo, não raras vezes ficamos surdos a seu toque… As correrias do dia a dia, as preocupações com as coisas materiais, o egoísmo e nosso imediatismo não nos deixam ouvir a chegada de tão sublime hóspede, fazendo-nos esquecer dos autênticos valores desta vida — os tesouros que acumulamos para a eternidade — e de que já nesta Terra podemos, de alguma forma, prelibar o convívio paradisíaco para o qual Ele nos convida.
E se acontecer que, depois de tanto bater Lhe negarmos pousada, Nosso Senhor se vá? Como nos arranjaremos?
— Temo a Jesus que passa”, dizia Santo Agostinho… ⁽¹⁾
Ele, entretanto, em sua infinita bondade nos deu uma Mãe de Misericórdia, que vem junto com seu Divino Filho. Mas, ao notar que a porta não se abre, faz de vez em quando o papel de sacrossanta intrusa: entrando pela janela, se aproxima de nós a fim de chamar a nossa atenção e nos predispor para recebê-Lo. Feito isto, retorna para o lado de fora para, com Ele, seguir tocando ⁽²⁾.
Peçamos a Maria Santíssima que nos ajude a abrir e manter escancarada esta porta a fim de que Eles penetrem em nossa morada e nela façam a sua.
E tendo sido nossos hóspedes nesta Terra, abram para nós as portas da Pátria Celestial.
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⁽¹⁾ SANTO AGOSTINHO,Obras Completas, Madrid,BAC, 1983, v.X, Sermo LXXXVIII, c.13, n.14., p.550. 
⁽²⁾ CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio, Palestra, São Paulo, 5 jun.1974.
Irmã Juliane Campos, EP
Adaptado da Irmã Juliane Vasconcelos Almeida Campos, EP, “Eis que estou à porta e bato”… , Revista Arautos do Evangelho, nº 141, setembro de 2013, p. 50-51.

4 de dez. de 2015

Sonhos de mil e uma noites

Quem de nós, ao menos nos tempos de nossa infância, nunca imaginou um marajá indiano ou uma princesa persa, vestidos esplendidamente, ornados com as mais finas joias e pérolas, passeado pelos ares sobre um tapete voador? Um tapete que obedecesse à voz de comando de seu nobre dono e que se alçasse aos céus com elegância e leveza?
Se é certo que os tapetes não possuem capacidade de voar, não é menos certo que eles têm um poder precioso: o de levar a sensibilidade humana a viajar pelos altos paramos do mundo do belo.  
Quando começou a história da tapeçaria? Impossível saber. Não há registro nos anais da História, de quem foi o primeiro homem em cuja alma Deus acendeu pela primeira vez o desejo de entrelaçar fios coloridos para produzir algo de belo. Mas pode-se dizer que esse desconhecido foi – para quem sabe ver as coisas – um dos grandes benfeitores da humanidade.  
Acomodando-nos confortavelmente sobre um imaginário tapete voador, retrocedamos quarenta séculos, para tentar conhecer um pouco da história dessas maravilhas criadas pelo homem para adornar pisos e paredes, alegrar os olhos e extasiar as mentes.
Caminhando pelos países do Oriente Médio e norte da África encontraríamos tapetes lindos em muitos locais. Vários indícios históricos deixam entrever em que medida os tapetes faziam parte da vida diária de diversos povos, inclusive nômades.  
Por pinturas encontradas em túmulos egípcios, pode-se constatar que, por volta de 2.000 a.C., já existia no país a arte da tapeçaria. Também nos deparamos com referências a ela na “Ilíada” de Homero e em vários autores clássicos. A Sagrada Escritura, a arte de tecê-los é mencionada desde o Êxodo.  
A peça mais antiga que se conhece, descoberta nos montes Altai, no sul da Sibéria, data do ano 500 a. C., e é surpreendentemente parecida com os tapetes de hoje. É admirável o grau de perfeição que a tapeçaria foi conquistando desde então, sobretudo na Pérsia.
A grande riqueza e variedade de desenhos, combinada com uma imensidade de cores, formam peças tão belas que poderíamos perguntar: “Mas é para se pisar realmente?” De fato, o encanto produzido pelos tapetes nos nobres europeus era tão grande que, não se conformando em colocá-los no chão de seus palácios, eles os utilizavam como talha nas mesas de reunião.  
É interessante notar como as cores assumem um papel mais que decorativo e que, cada tapete, dependendo da combinação, toda uma concepção das belezas criadas por Deus está expressa de forma admirável. A isso acrescentemos o esmerado trabalho de tecelagem, que envolve ao mesmo tempo muita técnica e matéria-prima cuidadosamente preparada: lã, seda, algodão, além de tintas naturais que, com o passar do séculos, foram se aprimorando, até alcançar as variações atuais.  
Nós, que acabamos de atravessar o século XX, tão cheio de inovações tecnológicas e no qual a máquina assumiu cada vez mais espaço na vida de todos, dificilmente acreditaríamos que, durante o século XVI – considerado a época do apogeu da tapeçaria no Irã – a confecção de uma autêntica peça persa pudesse levar até cinco anos para ser concluída.  
Isso porque,nas hábeis mãos dos artesãos, cada nó era dado com grande exatidão e os desenhos cuidadosamente elaborados. E cada uma das seis regiões da Ásia onde a tapeçaria se desenvolveu de forma relevante – Pérsia, Turquia, Cáucaso, Turquestão, Índia e China – os tapetes foram adquirindo peculiaridades próprias e fizeram transparecer, em diferentes matizes, aspectos de cada lugar e, mais ainda, de cada povo. Paulo Eduardo Roque Cardoso
Quiçá a Providência tenha colocado na lama destes povos, capazes de tal arte, algo que refletindo sua perfeições, brilhará de maneira especial quando eles se converterem a Cristo Nosso Senhor e suas almas forem trabalhadas pela graça do Batismo.Irmã Carmela Werner Ferreira, EP.
(Transcrito da revista “Arautos do Evangelho”, nº 10, outubro de 2002, p. 50-51. Para acessar o exemplar do corrente mês clique aqui )

3 de dez. de 2015

Em quem confiamos?

Ele dormia. As ondas batiam, o vento soprava. Entre os estalos da barca e as vozes dos pescadores, o barulho era ensurdecedor. Mas Ele, impassível, dormia. Os Apóstolos, ainda não habituados ao olhar da fé, preocupavam–se mais em encontrar soluções humanas que em pedir o auxílio divino. E fracassados no seu intento, em vez de se voltarem esperançosos para um milagre vindo da mão divina, repreendem zangados a quem os podia salvar: “Mestre, não Te importa que pereçamos?” (Mc 4, 38). 
Oh, atitude tristemente frequente!… A figura do Mestre deitado numa barca que afunda é clássica. Porque também é clássico que o homem, inveteradamente autossuficiente, busque em si, e não em Deus, a solução para seus problemas. Problemas que são, por sua vez, permitidos por Deus para que o homem reconheça que, sem Ele, nada pode fazer (cf. Jo 15, 5). Por isto Jesus, às vezes, finge cochilar…
O orgulho muitas vezes se nega a dar-se por vencido. Há quem veja, entre aqueles que exigiam a Crucifixão de Nosso Senhor, um ímpeto de vingança pelo fato de o Salvador ter-Se negado a lhes conceder a realização de seu sonho messiânico, o qual não consistia em alcançar, nem a glória de Deus, nem a santidade individual, mas benefícios humanos e terrenos, quando não diretamente ilícitos.
Assim, diante da provação, o homem tem dois caminhos: um sobrenatural, de resignação humilde e de esperança confiante, que junta as mãos, e pede a Deus proteção e auxílio; outro, orgulhoso, que vê na dor, destinada a purificá-lo e uni-lo mais ao Pai, uma punição indevida. Nestes tristes casos, sói então acontecer que o homem mundano, de dentro de sua iniquidade, acuse a Deus de injustiça (cf. Ez 18, 25), e por ódio pecaminoso contra a origem de toda justiça, procure matar o Autor da vida.
No caos do mundo atual, enquanto alguns acusam a Deus, outros Lhe devotam uma indiferença sistemática e outros ainda se voltam suplicantes para o mundano, o terreno: política, tecnologia, soluções ambientais, ações sociais… São pescadores na tempestade, afanando-se entre cordas, mastros e velas. Quem hoje se lembra de recorrer filial, ardente e devotamente Àquele que, sereníssimo, parece dormir na barca?
E, entretanto, está Ele constantemente junto a nós, sempre disposto a nos atender, amparar e proteger, desde que recorramos a Ele, com humildade e retidão; acaso ter-se-ia diminuído o poder d’Aquele que curou leprosos, deu avista a cegos, ressuscitou mortos, expulsou demônios, com uma palavra? 
“Uns põem sua força nos carros, outros nos cavalos; nós, porém, a temos no nome do Senhor, nosso Deus”, diz o salmista (Sl 19, 8). Ao contrário do que prega o mundo, têm nas mãos o timão da História os que confiam além de toda esperança, com os olhos postos n’Aquele que afirmou: “Coragem, Eu venci o mundo!”(Jo 16, 33). E é a estes gigantes da fé que verdadeiramente pertence o futuro. Aqueles para quem, como dizia Santa Teresa de Jesus, “só Deus basta”.
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(Transcrito da revista “Arautos do Evangelho”, nº 156, de dezembro de 2014. Para acessar o exemplar do corrente mês clique aqui )
Ilustrações: Arautos do Evangelho, Wiki, WordPress

2 de dez. de 2015

SUAVE MISTÉRIO

A natureza encerra belos enigmas. Mas, para quem a sabe contemplar, ela revela também alguns mistérios divinos. Na beleza deslumbrante das auroras boreais, por exemplo, podemos discernir o modo de agir de Deus com os homens.
Vejamos, pela pena de um sacerdote Arauto do Evangelho — Pe. Ryan Murphy, EP — nascido no longínquo Canadá a descrição de algo bem diferente das terras tropicais em que habitamos. 

AURORA BOREAL, SUAVE MISTÉRIO DIVINO


Observando a natureza, o homem, por mais materialista que seja, não pode deixar de meditar nos aspectos simbólicos das coisas criadas por Deus.

Em toda parte encontramos reflexos de suas virtudes. Aqui, a beleza e a mansidão; lá, a grandeza e o esplendor. Porém, ao percorrermos as longas vias terrestres e marítimas que se espalham pela superfície de nosso orbe, alguns lugares nos despertam uma certa curiosidade quanto ao proceder divino.
Por exemplo, na floresta equatorial, o Altíssimo manifesta-se como que enfurecido. Tempestades de violência inaudita desabam inesperadamente, pondo animais em fuga e abatendo árvores sob o furor dos raios. Nos desertos, o calor tórrido racha as pedras, resseca as fontes e faz desaparecera vida. E nas desoladas planícies da tundra ártica, onde o gelo se estende a perder de vista, o frio cortante faz parecer que Deus voltou as costas e esqueceu aquela parte do mundo…

Mesmo vendo tudo isso, porém, não há razão para sobressaltos, pois nosso Deus não é cruel. Toda vez que Ele permite alguma dificuldade, logo depois oferece alguma forma de dom, para consolar o sofrimento passado.

A mesma tempestade que sacode a floresta a torna fecunda e senhora das mais variadas e vibrantes formas de vida do planeta. O calor do deserto racha as pedras, mas é nesse ambiente árido que nascem as mais raras e belas flores.

* * *

Mas não nos esqueçamos das gélidas planícies polares com suas monótonas superfícies brancas e infindáveis, o assobio constante do vento, o frio quase inimaginável. Habitantes? Pouquíssimos animais que compartilham aquela desolação com um punhado de melancólicos seres humanos. É, propriamente, a figura do isolamento.
Que espécie de compensação, ou melhor, consolação poderia Deus oferecer para essa região do mundo?
Para vê-la, é preciso, literalmente, voltar os olhos para o céu… Alguns a chamam de “Asa dos Anjos”, outros, de “Manto de Nossa Senhora”, enquanto ainda outros, de “Vento do Espírito Santo”.

São as incomparáveis auroras boreais, tão frequentes no meu país, o Canadá. Nunca vi nada, absolutamente nada que, sendo natural, transmita tanto a ideia do sobrenatural quanto essas maravilhosas “Luzes do Norte”.
A aurora boreal é silenciosa, embora muitas vezes se estenda por milhares de quilômetros de comprimento e altura. Percebemos que ela se move alto, muito alto, mas, se nos perguntam onde está, não sabemos dizer com precisão. É imprevisível. Suas mudanças de direção podem ser súbitas ou suaves, e a fantástica gama de suas cores iridescentes vai do vermelho ao azul, passando por matizes de violeta e branco. É impossível descrever essas tonalidades. 
Paulo Eduardo Roque Cardoso

Depois de vê-la, li explicações científicas sobre partículas energéticas que o vento solar faz chocar contra a atmosfera terrestre, mas fechei decepcionado o livro. Esses elétrons carregados não conseguem explicar aquilo que vi e senti ao contemplar o extraordinário fenômeno. 
Paulo Eduardo Roque Cardoso
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A muitos homens de hoje, acostumados à velocidade cibernética, pode parecer insensato deter-se para contemplar um tão belo fenômeno da natureza, recolher-se diante dele e meditar. Talvez por isso as fantásticas auroras boreais se mostrem especialmente generosas com aqueles poucos homens que vivem isolados nas vastidões geladas dos extremos árticos. 
Paulo Eduardo Roque Cardoso
Não agirá também Deus de modo semelhante às auroras boreais? Não é verdade que só para quem se recolhe e busca o salutar isolamento da meditação Ele faz ouvir os suaves acordes de sua voz eterna e dá aprovar as delícias de sua infinita sabedoria?
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(Originalmente publicado na revista “Arautos do Evangelho”, nº 62. Para acessar o exemplar do corrente mês clique aqui )
Ilustrações: Arautos do Evangelho, wiki, wordpress.