30 de jul. de 2016

O papagaio que sabia dizer “Ave Maria”

Por Madre Mariana Morazzani Arráiz


O ambiente alegre e festivo de uma antiga feira medieval era contagiante: centenas de pessoas, adultos, jovens e crianças, moviam-se continuamente, falavam, cantavam, gesticulavam, discutiam preços ou simplesmente se distraíam. Iam lá para comprar? Para comer? Ou só para ver as novidades? Tudo isso e algo mais. Nessas feiras podia-se encontrar de tudo.


Em uma tenda, um estrangeiro de longa barba escura vendia tecidos preciosos das mais variadas cores; ao lado, um ferreiro demonstrava a qualidade de suas facas ("Veja, freguesa, nunca perdem o fio!"); mais adiante, um gordo e bonachão açougueiro, com avental todo salpicado de vermelho, pesava uma porção de carne numa balança de precisão duvidosa.


E além das vozes e idiomas que se misturavam, das crianças que choravam e dos vendedores que apregoavam suas mercadorias, sons de todos os instrumentos enchiam os ares, pois música é o que não faltava nessas ocasiões...
Naquele dia, caminhava em meio à colorida e movimentada multidão um homem barbado de meia-idade, baixa estatura, um tanto calvo e bem magro. Trajava uma surrada túnica marrom, com um cordão atado à cintura, e parecia ser muito estimado na região, pois quase todos o cumprimentavam cordialmente, e ele respondia da mesma forma. Por uns instantes, parava para conversar com o padeiro e metia dois pães na grande sacola que trazia; pouco além, pegava um queijo; mais alguns passos, uma dúzia de maçãs; noutra tenda, três repolhos.
Mas - coisa curiosa! - ele a ninguém pagava um centavo sequer.
 Como explicar isso? É que o bom homem, um irmão leigo franciscano conhecido pelo nome de Frei Bartolomeu, recolhia doações para seu mosteiro.


Depois de percorrer boa parte da feira e ter sua sacola quase cheia, foi despedir-se de um antigo conhecido. O velho Simão não comercializava alimentos nem tecidos, mas sua loja estava sempre cheia de gente curiosa. Ele vendia aves canoras e decorativas.


- Bom dia, Simão! Que novidades você tem hoje? 


- Olá, Irmão Bartolomeu! Infelizmente o senhor chegou tarde... Hoje cedo vendi um belo pavão para a senhora condessa.
Que animal mais lindo! Estou certo de que o senhor teria ficado encantado de vê-lo.


Enquanto falava, o velho tirava um pequeno papagaio de dentro de uma gaiola e o punha sobre a mesa. O pássaro, no entanto, ficou parado, sem fazer qualquer tentativa de fuga. Parecia um pouco tonto, pois balançava- se para um lado e para outro.


- E este bichinho? - perguntou o monge.
- Ah, este está muito doente, acho que vai morrer, e não tenho paciência nem tempo para cuidar dele. Estou pensando em torcer-lhe o pescoço, para abreviar-lhe o sofrimento.


- Oh, não faça isso! Por que não o dá para mim? 


- Ora, Irmão, sei que muitas vezes falta comida aos pobres monges, mas o senhor estará querendo cozinhar um papagaio? - perguntou surpreso o velho Simão.


- Claro que não! Dê-me a avezinha, eu vou alimentá-la e tratar dela.


- Pois não, pois não, Irmão. Nada tenho a perder com isso. Aqui está. É até um favor levá-lo.


Isto dizendo, entregou-lhe o pássaro enfermo.

Sob os cuidados do bondoso irmão, o papagaio refez-se e cresceu, revestindo-se de uma nova e vistosa plumagem verde. E logo, fazendo jus aos atributos de sua raça, começou a imitar o que falavam os monges. Animado, irmão Bartolomeu começou a ensinar-lhe a Ave Maria.


- Que é isso, Irmão? Quer ensinar catecismo ao pássaro? - gracejou outro monge.


- Ora, não é bonito ver o animalzinho repetir a Saudação Angélica? 


E falava alto: "Ave Maria!" E o papagaio repetia com seu "sotaque" característico: "Ave Maria!" 


Passando por ali nesse momento, o Padre Guardião do convento também sorriu ao ver o Irmão Bartolomeu no seu labor de ensinar o pássaro. E o preveniu:


- Cuidado com seu "aluno", Irmão, pois esta tarde anda pelo vale Jacques, o falcoeiro!


De fato, olhando pela janela, Irmão Bartolomeu pôde vê-lo à distância. Ele tinha sérias razões para não gostar do falcoeiro. Jacques sabia que em volta do mosteiro franciscano sempre voavam pássaros de várias espécies, pois o lugar silencioso e pacífico lhes servia de abrigo. Assim, quando a caça andava fraca nos vales da região, ele terminava seu percurso próximo ao convento, certo de encontrar presas fáceis e desavisadas nos telhados dos frades.

Muitas vezes Bartolomeu tinha visto as mais brancas pombas perecerem despedaçadas nas garras dos falcões. Mas o que mais lhe doía era o fato de Jacques ser um mau cristão que freqüentava tabernas e escarnecia da fé popular.

Estava o frade imerso nessas lembranças, quando de repente um aviso o chamou de volta à realidade: 

- Cuidado, Irmão Bartolomeu, o papagaio fugiu! 

Ao voltar-se surpreso, viu o vulto verde saindo pela janela oposta. Ainda gritou, chamando-o de volta, mas ele já voava contente por cima das árvores. Péssima hora para escapar... O bom frade já via, ao longe, um grande falcão que, voando em círculos à procura de alguma presa, subitamente avistou o papagaio e se precipitou sobre ele como uma flecha. Em vão o Irmão Bartolomeu procurou adverti-lo, o pequeno pássaro nem sequer ouvia sua voz.


Quando este, afinal, deu-se conta do perigo, já era tarde demais: o falcão já estava sobre ele. Apavorado, o papagaio não teve senão a reação instintiva de gritar tão forte quanto podia:


- Ave Maria! 





Qual não foi a surpresa de todos quando, mal esse brado saíra do bico da espavorida ave, viram o falcão precipitar-se morto por terra, como se tivesse sido fulminado por um raio!..


(Revista Arautos do Evangelho, Maio/2006, n. 53, p. 46-47)

27 de jul. de 2016

Qual a origem da palavra “capela”?

São Martinho de Tours divide sua capa com o pobre. Museu de Cluny, Paris         
No Rito da Comunhão, da Santa Missa, evocamos as palavras ditas pelo centurião romano a Jesus em Cafarnaum: "Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado" (Mt 8, 8). Contudo, não é ele o único soldado romano recordado com frequência nas igrejas.

Em meados do século IV, encontramos São Martinho de Tours (316-397), jovem militar romano, alistado na cavalaria imperial. Filho de um oficial superior do exército, era catecúmeno da Igreja Católica e se preparava para receber o Batismo. Chegando às portas de Amiens, na Gália, num dia de rigoroso inverno, deparou-se com um mendigo desabrigado em situação de grave risco.
Seguindo literalmente as palavras do Divino Mestre, Martinho partiu ao meio sua capa e deu a metade ao necessitado. Naquela noite, apareceu-lhe em sonhos Nosso Senhor Jesus Cristo coberto com a parte da capa por ele dada ao mendigo. Assim lhe agradecia o Divino Redentor seu ato de generosidade.
Martinho foi batizado e mais tarde tornou-se Bispo de Tours. Sua fama de santidade era tal que a metade da capa que lhe restara - denominada cappella, ou seja, capinha - foi posta num relicário e guardada num oratório onde melhor podia ser vista e venerada pelos fiéis. Não tardou tal oratório a ser chamado de cappella. E no decorrer do tempo este termo acabou designando todo lugar de culto de pequenas dimensões.

26 de jul. de 2016

SÃO JOAQUIM E SANTA ANA

 

Hoje a Igreja comemora os avós de Jesus; pais de Nossa Senhora. Deusabençoou o matrimônio, e São Joaquim e Santa Ana, já anciãos, concebem um filho:
a Imaculada Virgem Maria  

18 de jul. de 2016

Maledicências…

“Se fosse possível acabar com a maledicência no mundo, acabaria metade das ofensas a Deus e ao próximo”.
A afirmação é de um teólogo, especialista em moral católica. Será Santo Afonso de Ligório? Anotei o princípio e não o autor. Vejamos se alguém ajuda a atribuir com certeza a autoria.
Maledicência é diferente de difamação: a difamação é afirmar de outrem algo inexistente, ou seja, uma mentira; maledicência é dizer algo real mas que não há nenhuma razão para se dizer do próximo. Paulo Eduardo Roque Cardoso
Um episódio ocorrido antes do nascimento de Jesus esclarece este ponto.
* * *
Um homem, procurou um sábio e disse-lhe:
– Preciso contar-lhe algo sobre alguém! Você não imagina o que me contaram a respeito de…
Nem chegou a terminar a frase, quando Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou:
– Espere um pouco. O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras?
– Peneiras? Que peneiras?
– Sim. A primeira é a da verdade. Você tem certeza de que o que vai me contar é absolutamente verdadeiro?
– Não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram!
– Então suas palavras não resistiram à primeira peneira. Vamos então para a segunda peneira: a bondade. O que vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito?
– Não! Absolutamente, não!
– Então suas palavras vazaram, também, a segunda peneira.Vamos agora para a terceira peneira: a necessidade. Você acha mesmo necessário contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante? Resolve alguma coisa? Ajuda alguém? Melhora alguma coisa?
– Não… Passando pelo crivo das três peneiras, compreendi que nada me resta do que iria contar.
E o sábio sorrindo concluiu:
– Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, quanto você e os outros iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos.
Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz! Da próxima vez que ouvir algo, antes de ceder ao impulso de passá-lo adiante, submeta-o ao crivo das três peneiras.
Pessoas sábias falam sobre ideias, pessoas comuns falam sobre coisas e pessoas medíocres falam sobre pessoas.
fonte: http://campos.blog.arautos.org/2013/12/maledicencias/

16 de jul. de 2016

16 de julho: Saiba mais sobre Nossa Senhora do Carmo


Assim como vestiu seu Filho Jesus com uma túnica de valor inapreciável, Maria Santíssima quer nos revestir, a nós, seus filhos adotivos, 
com  a mais eficaz das vestimentas


Antecipando o monacato católico, uns tantos discípulos de Elias escolheram o alto do Monte Carmelo para, ali, abraçar a contemplação. Assim permaneceram na sucessão das gerações, até a vinda do Senhor. Vários deles se converteram depois de Pentecostes e foram os primeiros a erigir um oratório em louvor a Nossa Senhora.
Tácito relata-nos que o Imperador Vespasiano subia ao Monte Carmelo para consultar um oráculo, e lá ouvia as orientações de um sacerdote chamado Basilido que, a certa altura, prognosticou-lhe um grande sucesso (1).
Outro historiador, Suetônio, reforça o relato feito por este, acrescentando que Vespasiano ia ao Carmelo à procura de uma confirmação de seu destino e de suas cogitações, e de lá retornava cheio de ânimo (2).
Autores de peso discutem entre si, se o oratório lá existente seria de origem pagã ou se, de fato, já se tratava de um santuário dedicado à Santíssima Virgem. Entretanto, inteiramente certa é a enorme antiguidade da Ordem do Carmo.
Depois de Elias, seu discípulo Eliseu continuou a habitar aquela montanha, rodeado de "filhos dos profetas" (cf. 2Rs 2,25; 4, 25; 4,38, etc.). Conhece-se ali uma "gruta de Elias" e uma caverna chamada de "Escola dos Profetas".
Mas o primeiro documento da História que chegou até nós, mencionando um grupo de eremitas no Monte Carmelo, é da metade do séc. XII. Viviam eles sob a direção de um exmilitar de nome Bertoldo. Em 1154 ou 1155, um parente deste, Aymeric, Patriarca de Antioquia, o orientara no estabelecimento do eremitério. A um monge grego, João Focas, que o visitou em 1185, São Bertoldo contou ter-se retirado com dez discípulos para o Carmelo em virtude de uma aparição de Santo Elias. Essa comunidade recebeu pouco depois, do Patriarca de Jerusalém, Santo Alberto, uma regra, que foi emendada e definitivamente aprovada pelo Papa Inocêncio IV, em 1247. Estava, assim, constituída a Ordem do Carmo.
A primeira veste de que se tenha notícia na História remonta ao Paraíso Terrestre. Conta-nos o Gênesis (3, 21) que, após a queda de nossos primeiros pais, Adão e Eva, o próprio Deus lhes confeccionou túnicas de pele e com elas os revestiu. Bem mais tarde, Jacó fez uma túnica de variadas cores para o uso de José, seu filho bem-amado (Gn 37, 3). E assim, as vestimentas vão sendo citadas nestas ou naquelas circunstâncias, ao longo das Escrituras (Gn 27, 15; 1 Sm 2, 19; etc.). Uma túnica porém, ocupa lugar "princeps" entre todas as vestimentas: aquela sobre a qual os soldados deitaram sorte, por se tratar de uma peça de altíssimo valor, pelo fato de não possuir costura. Uma piedosa tradição atribui às puríssimas mãos de Maria a arte empregada em sua confecção. Ao se darem conta, os esbirros, da elevada qualidade daquela peça, tomaram a resolução de não rasgá-la.

Assim vestia Maria a seu Filho Jesus, desde o seu nascimento, como esmerada e devotada Mãe. E da mesma forma quer revestir também a nós, seus filhos adotivos, Aquela que "como névoa cobre a terra inteira". Pois a Ela fomos entregues na mesma ocasião em que os soldados, pela sorte, decidiam sobre a propriedade da túnica de Jesus: "Mulher, eis aí teu filho" (Jo 19,26).
E que roupa nos oferece Ela?
Papas enaltecem o uso do Escapulário
Em 1951, por ocasião da celebração do 700º aniversário da entrega do Escapulário, o Papa Pio XII disse em carta aos Superiores Gerais das duas Ordens carmelitas: "Porque o Santo Escapulário, que pode ser chamado de Hábito ou Traje de Maria, é um sinal e penhor de proteção da Mãe de Deus".
Exatamente 50 anos depois, o Papa João Paulo II afirmou: "O Escapulário é essencialmente um ‘hábito'. Quem o recebe é agregado ou associado num grau mais ou menos íntimo à Ordem do Carmo, dedicada ao serviço da Virgem para o bem de toda a Igreja. (...) Duas são as verdades evocadas pelo signo do Escapulário: de um lado, a constante proteção da Santíssima Virgem, não só ao longo do caminho da vida, mas também no momento da passagem para a plenitude da glória eterna; de outro, a consciência de que a devoção para com Ela não pode limitar-se a orações e tributos em sua honra em algumas ocasiões, mas deve tornar-se um ‘hábito'."
Esses dois Pontífices confirmam, assim, manifestações de apreço ao Escapulário feitas por vários de seus antecessores, tais como Bento XIII, Clemente VII, Bento XIV, Leão XIII, São Pio X e Bento XV. Bento XIII estendeu a toda a Igreja a celebração da festa de Nossa Senhora do Carmo, a 16 de julho.
Eis algumas das razões que unem os Arautos à Ordem do Carmo e por isso são revestidos do Escapulário além de terem num bispo carmelita, Dom Lucio Angelo Renna, um pai e protetor


Dentre todos os "negócios" de que nos ocupamos nesta vida, há um de tão grande importância que deve ser tratado com absoluta prioridade, sob pena de fracassarmos em todos os outros: nossa salvação eterna!

Certo dia, um repórter meu amigo resolveu fazer em várias cidades uma pesquisa sobre este assunto. Percorrendo as ruas,  perguntava aos transeuntes: "Você quer ir para o Céu ou para o Inferno?" Impactadas, as pessoas respondiam, quase sem refletir: "Claro que quero ir para o Céu!" E tocavam em frente... Alguns, nosso repórter conseguia reter por mais um instante e fazer a segunda pergunta: "Quais os meios que você emprega para alcançar tão grande felicidade?"
Resultado da pesquisa: 100% querem ir para o Céu. Porém, menos de 1% se preocupa sobre como fazer para lá chegar!
São abundantes esses meios. Vamos aqui indicar um dos mais eficazes, que a Mãe de Misericórdia põe à disposição de todos, sem qualquer exceção. Quem se julgar indigno, por ser grande pecador, lembre-se do que disse Jesus: "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Lc 5, 32).
Trata-se do uso do Escapulário do Carmo, recomendado por vários Papas e Santos. Um destes, São Cláudio de La Colombière, afirma: "Não basta dizer que o Escapulário é um sinal de salvação. Eu sustento que não há outro que faça tão certa nossa predestinação".

Os grandes privilégios do Escapulário
No dia 16 de julho de 1251, São Simão Stock suplicava a Nossa Senhora ajuda para resolver um problema da Ordem Carmelitana, da qual era o Prior Geral. Enquanto ele rezava, a Virgem apareceu- lhe, trazendo o Escapulário nas mãos, e disse essas confortadoras palavras: "Filho diletíssimo, recebe o Escapulário da tua Ordem, sinal especial de minha amizade fraterna, privilégio para ti e todos os carmelitas. Aqueles que morrerem com este Escapulário não padecerão o fogo do Inferno. É sinal de salvação, amparo e proteção nos perigos, e aliança de paz para sempre". A Igreja assumiu o Escapulário e fez dele uma das devoções mais difundidas entre o povo de Deus.
Em nossa época de superstições, não é supérfluo esclarecer que o Escapulário está longe de ser um sinal "mágico" de salvação. Não é uma espécie de amuleto cujo uso nos dispensa das exigências da vida cristã. Não basta, portanto, carregá-lo ao pescoço e dizer: "Estou salvo!"
É verdade que Nossa Senhora não pôs condição alguma ao fazer sua promessa. Simplesmente afirma: "Quem morrer com o Escapulário não padecerá o fogo do inferno". Não obstante, para beneficiar-se deste privilégio, é preciso usar o Escapulário com reta intenção. Neste caso, se na hora da morte a pessoa estiver em estado de pecado, Nossa Senhora providenciará, de alguma forma, que ela se arrependa e receba os sacramentos. E nisto a misericórdia da Mãe de Deus se mostra verdadeiramente insondável!
Alguns exemplos atestam de modo eloqüente esta verdade.
Viajando de automóvel em companhia de um bispo, o autor deste artigo viu uma mulher entrar distraída na rodovia e ser esmagada por uma enorme carreta cujo motorista não teve tempo de frear. O bispo mandou parar o automóvel, desceu apressadamente, deu a absolvição sacramental e ministrou a unção dos enfermos à mulher agonizante. Depois comentou comovido: "Ela estava com o Escapulário do Carmo. Certamente foi Nossa Senhora quem providenciou que um bispo estivesse passando por aqui, justo neste momento!"
Um caso diferente - narrado por Dom Marcos Barbosa na obra "O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo" - se passou na Inglaterra. Na hora da morte, um cavaleiro conhecido por sua grande impiedade, em vez de pedir a Deus perdão de seus pecados, blasfemava dizendo: "Quero o inferno e o diabo!" Os presentes, horrorizados, chamaram São Simão Stock, o qual tomou o Escapulário e estendeu- o sobre o blasfemador. Imediatamente este se arrependeu e pediu os sacramentos. Segundo antiga e piedosa tradição, a Santíssima Virgem, aparecendo ao Papa João XXII, prometeu livrar do Purgatório, no primeiro sábado após a morte, todos os que portarem devotamente o Escapulário. Este é o chamado "privilégio sabatino". Para se beneficiar dele é preciso manter a castidade segundo o próprio estado, recitar o Pequeno Ofício da Imaculada ou rezar um terço todos os dias.
E mais: cada vez que o devoto beijar o Escapulário com piedade, fazendo um pedido à Santíssima Virgem, recebe uma indulgência parcial, isto é, a remissão de uma parte das penas que devia cumprir no Purgatório.
Quem usa o Escapulário pode beneficiar-se também de indulgência plenária (remissão de todas as penas do Purgatório) no dia em que o recebe, na festa de Nossa Senhora do Carmo, 16 de julho; de Santo Elias, 20 de julho; Santa Terezinha, 1º de outubro; dos santos carmelitas, 14 de novembro; São João da Cruz, 14 de dezembro; São Simão Stock, 16 de maio.
Proteção nos perigos da vida quotidiana
Nossa Senhora, a melhor de todas as mães, quer para seus devotos filhos não somente os benefícios espirituais, mas também os temporais. Assim, quem porta seu Escapulário recebe d'Ela uma proteção especial nos perigos da vida quotidiana.
São inumeráveis os exemplos desse desvelo da Virgem Mãe por seus filhos. Dom Marcos Barbosa, na obra mencionada acima, narra dois bem interessantes.
Em Santo André (SP), uma menina de 5 anos caiu dentro de um poço de 20 metros de profundidade. Uma hora depois, foi encontrada boiando sobre a água, com o Escapulário no pescoço. A família, naturalmente, atribuiu o fato à proteção da Mãe do Carmelo.
Em São Paulo, um jovem de 15 anos, ao atravessar de bicicleta uma via férrea, foi apanhado pelo trem. Passado todo o comboio, ele se levantou ileso e, beijando comovido seu Escapulário, exclamava: "Só tive tempo de gritar: ‘Nossa Senhora do Carmo!' Foi o bentinho d'Ela que me salvou!"

Sinal de aliança com Nossa Senhora
O Escapulário é um sinal de aliança com Nossa Senhora, e exprime nossa consagração a Ela. Seu uso é um poderoso meio de afervorar os que vivem em estado de graça e de converter os pecadores. Deus não deixa sem recompensa nenhum benefício feito a uma pessoa necessitada, mesmo um simples pedaço de pão dado a um indigente. Imagine, pois, como Ele recompensará quem ajudar na salvação de uma alma! Seja, portanto, você também, um ardoroso propagador do santo Escapulário! Nossa Senhora lhe retribuirá com toda espécie de graças e favores já nesta terra; e mais ainda no Céu.

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Como receber e usar o Escapulário
1 - Qualquer padre tem poder para benzer e impor na pessoa o Escapulário.
2 - Essa bênção e imposição valem para toda a vida, portanto, basta recebê-lo uma vez.

3 - Quando o Escapulário se desgastar, basta substituí-lo por um novo.

4 - Mesmo quando alguém tiver a infelicidade de deixar de usá-lo durante algum tempo, pode simplesmente retomar o seu uso, não é necessária outra bênção.

5 - Uma vez recebido, ele deve ser usado sempre, de preferência no pescoço, em todas as ocasiões, mesmo enquanto a pessoa dorme.

6 - Em casos de necessidade extrema, como doentes em hospitais, se o Escapulário lhe for retirado, o fiel não perde os benefícios da promessa de Nossa Senhora.

7 - Em casos de perigo de morte, mesmo um leigo pode impor o Escapulário. Basta recitar uma oração a Nossa Senhora e colocar na pessoa um escapulário já bento por algum sacerdote.

8 - O Papa São Pio X autorizou substituir o Escapulário por uma medalha que tenha de um lado o Sagrado Coração de Jesus e do outro uma imagem de Nossa Senhora. Mas a recepção deve ser feita com o escapulário de tecido.
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Oração a Nossa Senhora do Carmo


     Ó Virgem do Carmo e mãe amorosa de todos os fiéis, mas especialmente dos que vestem vosso sagrado Escapulário,em cujo número tenho a dita de ser incluído, intercedei por mim ante o trono do Altíssimo. 

          Obtende-me que, depois de uma vida verdadeiramente cristã, expire revestido deste santo hábito e, livrando-me do fogo do inferno, conforme prometestes, mereça sair quanto antes, por vossa intercessão poderosa, das chamas do Purgatório.

        Ó Virgem dulcíssima, dissestes que o Escapulário é a defesa nos perigos, sinal do vosso entranhado amor e laço de aliança sempiterna entre Vós e os vossos filhos. Fazei, pois, Mãe amorosíssima, que ele me una perpetuamente a Vós e livre para sempre minha alma do pecado. 

       Em prova do meu reconhecimento e fidelidade, ofereço-me todo a Vós consagrando-Vos neste dia os meus olhos, meus ouvidos, minha boca, meu coração e todo o meu ser. E porque Vos pertenço inteiramente, guardai-me e defendei-me como filho e servidor vosso. Amém.


13 de jul. de 2016

O cálice da Primeira Missa

Se você leitor, tivesse podido participar da última Ceia, já imaginou com que cuidado procuraria guardar na memória tudo quanto ali ocorrreu? 
José Antonio Dominguez
Cada gesto de Nosso Senhor, cada palavra d'Ele seria como um valioso tesouro de recordações para o resto de sua vida.
Mas a realidade foi outra. Apenas os Apóstolos estavam à mesa com Jesus, quando Ele celebrou a Primeira Missa. Somente eles?

Para Deus não há tempo, tudo é presente. E por isso, Nosso Senhor Jesus Cristo, ao celebrar a Última Ceia, não tinha diante de Si apenas os Doze Apóstolos. Como Deus, Ele considerava também todos os membros da Igreja que ao longoPaulo Bento Roque.jpg dos séculos participariam do banquete eucarístico e se alimentariam de seu Corpo e Sangue. Na Santa Ceia, Ele nos tinha em vista, a todos nós, a você, leitor, e rezava ao Pai Celestial pela salvação de cada um. E, nesse sentido, nós também estivemos lá.
Por esse motivo, quando participamos da Celebração Eucarística e ouvimos o sacerdote pronunciar as palavras da Consagração, podemos fazer-nos presentes na Última Ceia, à mesa com Jesus, ouvindo seus divinos ensinamentos, recebendo de suas adoráveis mãos o Pão Eucarístico, bebendo seu Preciosíssimo Sangue ou encostando a cabeça no peito do Senhor e ouvindo o pulsar de seu Divino Coração.
Isso torna-se mais facilmente sensível quando estamos diante de uma das mais preciosas relíquias de Nosso Senhor Jesus Cristo: o Cálice que Ele usou na Última Ceia para consagrar o vinho. Poucos Papas tiveram o privilégio de celebrar com ele a Santa Missa. Levado para Roma por São Pedro, foi utilizado pelos Papas dos primeiros tempos, na Celebração Eucarística.
Segundo os historiadores, no Cânon Romano mais antigo encontrasse uma referência à existência desse Santo Cálice, pois no rito da consagração do vinho se dizia: "do mesmo modo, terminada a ceia, tomou este cálice glorioso em suas santas e veneráveis mãos...". Muitos opinam que "este cálice glorioso" é uma menção a um cálice concreto, ou seja, àquele que o Senhor usou na Última Ceia. Durante a perseguição do imperador Valeriano, São Lourenço o enviou para a Espanha, em meados do século III, a fim de evitar que ele caísse em poder dos pagãos. Hoje em dia, esta relíquia é venerada na Catedral de Valência. Paulo Eduardo Roque Cardoso
Quando participamos da Celebração Eucarística, embora o celebrante não tenha em suas mãos uma relíquia tão preciosa, e nossos olhos apenas vejam o altar e o sacerdote, a Fé nos ensina ser Jesus que, pelos lábios do ministro sagrado, pronuncia as palavras da Consagração, como na Última Ceia. No Sacrifício Eucarístico o passado se faz presente, e também nós estamos diante de Jesus no Cenáculo, como na Primeira Missa. (Revista Arautos do Evangelho, Agosto/2006, n. 56, p. 50)
Fonte: http://www.arautos.org/artigo/105/o-calice-da-primeira-missa-html