Na alma, fiel às graças concedidas por Deus,
brilham com lindas irisações
as cores
da virtude e da inocência
que nela habitam.
De lagarta a borboleta
Autor:
Sofia Ximenes Lopes
As lagartas não deleitam
nosso olhar e até nos inspiram repulsa. Nada há nelas que nos agrade. Contudo,
algum tempo depois, transformam-se em encantadoras borboletas!
Curiosos e frágeis são
estes insetos alados. Por vezes nos deparamos com nobres espécimes
azul-prateados ou amarelos e lilases, ou ainda com as mimosas malhadas, que
mais parecem ter tomado para si a pele de um leopardo para adornar suas asas de
seda.
São uma infinidade! Cada
uma, porém, possui sua beleza única e produz um efeito diferente na alma de
quem com elas se encanta. Como não contemplar as perfeições divinas no variado
colorido destas criaturinhas, em seus admiráveis desenhos e formatos
surpreendentes?
No entanto, talvez mais
interessante do que observá-las em seu elegante voo, ou acompanhar seu delicado
abrir e fechar de asas enquanto sugam o néctar das flores, seja nos lembrarmos
de que as magníficas borboletas foram um dia lagartas…
Quão estranha é a lagarta!
Não possui atrativos, não deleita nosso olhar e até nos inspira repulsa. Nada
há nela que nos agrade. Que disparidade entre a larva e o inseto adulto! E até
dizem que quanto mais feia é a lagarta, mais graciosa será a borboleta que
surgirá do casulo, depois da metamorfose.
Com considerações como
estas, nossas mentes se elevam ao sobrenatural. Assim como a lagarta se prepara
para passar por uma espetacular transformação, sem que possamos adivinhar-lhe a
futura magnificência, o ser humano carece, ao nascer, da formosura e das
perfeições das realidades celestes. Possuindo uma natureza decaída pelo pecado
original, a alma do homem carrega as marcas da escravidão ao demônio. Ao ser
batizada, todavia, ela voa ligeira nos céus das graças concedidas por Deus e, à
medida que corresponde a elas, faz brilhar com lindas irisações as cores da
virtude e da inocência que nela habitam.
Convém, pois, que, sendo
filhos da Igreja pelo Batismo, aspiremos a ser como borboletas voando em
direção a Deus, detendo-nos apenas para sorver o inebriante néctar dos
Sacramentos, da oração e dos bons exemplos. Desta forma, o velho casulo no qual
a lagarta habitara ficará longe das nossas vistas e cogitações, e ao
abandonarmos esta vida terrena, todo nosso ser resplandecerá com os fulgores
azul-prateados da caridade, na Pátria Celeste.
(Revista Arautos do
Evangelho, Novembro/2016, n. 179, p. 50-51)
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