nos perde de vista
e jamais nos abandona.
Evoco
aqui um fato passado numa antiga cidade polonesa, na ocasião em que estava
sendo invadida por cruéis inimigos da religião católica.
Não
podendo mais resistir, os habitantes fugiram, abandonando tudo. Ali vivia São
Jacinto, digno filho de São Domingos de Gusmão e ardentíssimo devoto de Nossa
Senhora. Antes de escapar dos agressores, foi se despedir da Padroeira da
cidade, uma bela imagem da Virgem Santíssima, talhada em alabastro. Enquanto se
recomendava a ela, ouviu-a distintamente murmurar: “E eu? Tu me abandonas?
Leva-me contigo!”
O
santo não sabia o que fazer. A imagem era muito pesada, não a podia carregar
sozinho. Porém, apenas a tentou tomar em seus braços, sentiu-a leve como uma
pena. A imagem perdeu todo o seu peso, por um milagre da poderosíssima Mãe de
Deus. Surpreso e admirado, São Jacinto a estreitou devotamente e tomou com ela
o caminho da fuga.
Este
episódio nos mostra como Nossa Senhora preza suas imagens, como se sente
representada dignamente por elas, e como não deseja que se faça a elas o que
não é respeitoso nem correto fazer a Ela mesma. Maria obrou um prodígio para
que sua imagem fosse levada embora de um local onde provavelmente seria
profanada pelos que ameaçavam a cidade.
Por
outro lado, vemos como Nossa Senhora se compraz em nos acompanhar através de
suas imagens, e quer que as imagens d’Ela nos acompanhem. E assim operou um verdadeiro
milagre para que a Padroeira acompanhasse seus filhos ao longo do êxodo que se
viram obrigados a empreender. Uma imagem de alabastro, pesadíssima, além de se
fazer ouvir pelo santo, torna-se leve e facilmente transportável. É um modo de
Nossa Senhora nos dar a entender como deseja estar presente no meio de seus
filhos.
Nossa Senhora é uma razão constante de alegria para os católicos |
Que aplicação colheremos desse fato para a nossa vida cotidiana?
Manifestando
esse desejo de que suas imagens sejam de seus filhos, Nossa Senhora quer fazer
notar quanto nos acompanha em todas as vicissitudes e em todas as
circunstâncias de nossa existência. Se um símbolo d’Ela não nos abandona,
quanto menos nos abandonará a própria Simbolizada!
Quer
dizer, em qualquer situação em que estejamos, em todas as latitudes, em todas
as longitudes, nas maiores elevações como também nos períodos mais tristes de
nossa vida espiritual, há um olhar de Nossa Senhora que nos segue. Há uma
proteção e uma providência particular de Maria Santíssima que nunca nos perde
de vista e jamais nos abandona.
E
essa certeza nos deve dar exatamente uma sensação de tranquilidade em relação
às vicissitudes desta vida. E o pensamento que deve nortear nossos dias,
especialmente ao longo do mês de maio, é este: Nossa Senhora é minha Mãe e não
me deixará sozinho. Ela nunca desvia de mim seu olhar maternal, sobretudo
naqueles momentos em que tanto precisa das graças que Ela alcança, para
progredir na minha piedade, ou para qualquer outra necessidade, seja
espiritual, seja temporal.
Cumpre
insistir, a Virgem jamais nos desampara. Pois se uma imagem de alabastro – que,
afinal, não é senão alabastro – vai ao encalço dos devotos dela, mais ainda
velará Maria, em pessoa, por todos e cada um de seus filhos.
(Revista Dr. Plinio, Maio/2002)
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