18 de nov. de 2017

Nossa Senhora das Graças

Pedi e recebereis
Deus distribui suas graças por meio de Nossa Senhora. 
Dirija-se a Maria quem deseja graças.

Ó Maria, achastes a graça, porque a desejastes e buscastes.
Achastes a graça, incriada, que é o próprio Deus feito vosso Filho.
Imagem de Nossa Senhora das Graças - Casa Monte Carmelo dos Arautos do Evangelho - São Paulo

Reputamos feliz a família visitada por algum real personagem, não só pela honra recebida, como pelas vantagens que espera receber. Por mais feliz, porém, se tenha a alma que é visitada por Maria, Rainha do mundo. Essa bondosa Mãe não pode deixar de encher de bens e de graças tais almas bem-aventuradas.

Feliz a casa onde entra a Mãe de Deus! Bem o experimentou a casa de São João Batista. Apenas entrada, Nossa Senhora cumulou a família toda de graças e bênçãos celestiais.

Por meio de Maria nos vieram as primícias da graça redentora

Do arcanjo São Gabriel ouviu a Santíssima Virgem que Isabel, sua prima, estava grávida de seis meses. Iluminada interiormente pelo Espírito Santo, conheceu que o Verbo humanado, e já feito seu Filho, queria começar a manifestar ao mundo as riquezas de sua misericórdia. E era resolução dele começá-lo pela distribuição das primícias àquela família de Isabel. Por isso sem demora e com pressa partiu a Virgem para as montanhas (Lc 1, 39).

Levantando-se da tranquilidade de sua contemplação, a que estava sempre aplicada, e deixando a sua cara solidão, com grande pressa partiu para a casa de Isabel. E porque a caridade tudo suporta (1Cor 1, 37) e não sabe sofrer demoras, pôs-se a tenra e delicada donzela a caminho, sem se atemorizar com as fadigas da viagem. Chegada que foi àquela casa, saudou sua prima.

Como reflete Santo Ambrósio, foi Maria a primeira a saudar Isabel. Mas não foi a visita de Nossa Senhora como são as visitas dos mundanos, que pela maior parte se reduzem a cerimônias e falsas exibições. Sua visita trouxe àquela casa um cúmulo de graças. Com efeito, mal entrara e saudara seus habitantes, ficou já Isabel cheia do Espírito Santo, e João livre da culpa e santificado. Por isso deu aquele sinal de júbilo, exultando no ventre de sua mãe. Queria com isso manifestar as graças recebidas por meio de Maria, como declarou a mesma Isabel: Porque assim que chegou a voz da tua saudação aos meus ouvidos, logo o menino exultou de prazer em minhas entranhas (lc 1,44). Em virtude desta saudação, observa Bernardino de Busti, recebeu João a graça do Divino espírito Santo, que o santificou.

Deus continua a distribuir suas graças por meio de Maria

Os primeiros frutos da redenção passaram, pois, pelas mãos de Maria. Foi Ela o canal pelo qual foi comunicada a graça ao Batista, o Espírito Santo a Isabel, e o dom de profecia a Zacarias, e tantas outras bênçãos àquela casa. Foram estas as primeiras graças que sabemos terem sido distribuídas na terra pelo Verbo, depois que se encarnou. É muito justo e razoável crer que, desde então, Deus constituiu Maria o aqueduto universal, como a chama São Bernardo, pelo qual, depois daquele tempo, passassem todas as outras graças que o Senhor quer dispensar-nos.

Acertadamente, portanto, chamam esta divina Mãe de tesouro, de tesoureira e de dispensadora das divinas mercês. Segundo Ricardo de São Lourenço, Deus depositou em Maria, como num erário de Misericórdia, todos os dons da graça e desse tesouro enriquece aos que O servem.

“Não temas, Maria, disse-lhe o anjo, pois achaste graça diante de Deus” (Lc 1,30). Sobre o texto, acrescenta com elegante reflexão Santo Alberto Magno: Ó Maria, não roubastes a graça como a queria roubar Lúcifer; não a perdestes como a perdeu Adão; não a comprastes como a queria comprar Simão, o mago. Achastes a graça, porque a desejastes e buscastes. Achastes a graça, incriada, que é o próprio Deus feito vosso Filho.

(Extraído da obra Glórias de Maria, de Santo Afonso Maria de Ligório)




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