Pedi e recebereis
Deus distribui suas graças por meio de
Nossa Senhora.
Dirija-se a Maria quem deseja graças.
Reputamos
feliz a família visitada por algum real personagem, não só pela honra recebida,
como pelas vantagens que espera receber. Por mais feliz, porém, se tenha a alma
que é visitada por Maria, Rainha do mundo. Essa bondosa Mãe não pode deixar de
encher de bens e de graças tais almas bem-aventuradas.
Feliz
a casa onde entra a Mãe de Deus! Bem o experimentou a casa de São João Batista.
Apenas entrada, Nossa Senhora cumulou a família toda de graças e bênçãos
celestiais.
Por meio de Maria nos vieram as primícias da graça redentora
Do
arcanjo São Gabriel ouviu a Santíssima Virgem que Isabel, sua prima, estava
grávida de seis meses. Iluminada interiormente pelo Espírito Santo, conheceu
que o Verbo humanado, e já feito seu Filho, queria começar a manifestar ao
mundo as riquezas de sua misericórdia. E era resolução dele começá-lo pela
distribuição das primícias àquela família de Isabel. Por isso sem demora e com
pressa partiu a Virgem para as montanhas (Lc 1, 39).
Levantando-se
da tranquilidade de sua contemplação, a que estava sempre aplicada, e deixando
a sua cara solidão, com grande pressa partiu para a casa de Isabel. E porque a
caridade tudo suporta (1Cor 1, 37) e não sabe sofrer demoras, pôs-se a tenra e
delicada donzela a caminho, sem se atemorizar com as fadigas da viagem. Chegada
que foi àquela casa, saudou sua prima.
Como
reflete Santo Ambrósio, foi Maria a primeira a saudar Isabel. Mas não foi a
visita de Nossa Senhora como são as visitas dos mundanos, que pela maior parte
se reduzem a cerimônias e falsas exibições. Sua visita trouxe àquela casa um
cúmulo de graças. Com efeito, mal entrara e saudara seus habitantes, ficou já
Isabel cheia do Espírito Santo, e João livre da culpa e santificado. Por isso
deu aquele sinal de júbilo, exultando no ventre de sua mãe. Queria com isso
manifestar as graças recebidas por meio
de Maria, como declarou a mesma Isabel: Porque assim que chegou a voz da
tua saudação aos meus ouvidos, logo o menino exultou de prazer em minhas
entranhas (lc 1,44). Em virtude desta saudação, observa Bernardino de Busti,
recebeu João a graça do Divino espírito Santo, que o santificou.
Deus continua a distribuir suas graças por meio de Maria
Os
primeiros frutos da redenção passaram, pois, pelas mãos de Maria. Foi Ela o
canal pelo qual foi comunicada a graça ao Batista, o Espírito Santo a Isabel, e
o dom de profecia a Zacarias, e tantas outras bênçãos àquela casa. Foram estas
as primeiras graças que sabemos terem sido distribuídas na terra pelo Verbo,
depois que se encarnou. É muito justo e razoável crer que, desde então, Deus
constituiu Maria o aqueduto universal, como a chama São Bernardo, pelo qual,
depois daquele tempo, passassem todas as outras graças que o Senhor quer
dispensar-nos.
Acertadamente,
portanto, chamam esta divina Mãe de tesouro, de tesoureira e de dispensadora
das divinas mercês. Segundo Ricardo de São Lourenço, Deus depositou em Maria,
como num erário de Misericórdia, todos os dons da graça e desse tesouro
enriquece aos que O servem.
“Não
temas, Maria, disse-lhe o anjo, pois achaste graça diante de Deus” (Lc 1,30).
Sobre o texto, acrescenta com elegante reflexão Santo Alberto Magno: Ó Maria,
não roubastes a graça como a queria roubar Lúcifer; não a perdestes como a
perdeu Adão; não a comprastes como a queria comprar Simão, o mago. Achastes a
graça, porque a desejastes e buscastes. Achastes a graça, incriada, que é o
próprio Deus feito vosso Filho.
(Extraído da obra Glórias de Maria, de Santo Afonso Maria de Ligório)
(Extraído da obra Glórias de Maria, de Santo Afonso Maria de Ligório)
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