A nossa consagração perfeita a Nossa Senhora só é feita para melhor nos consagrarmos a Jesus Cristo |
de toda verdadeira devoção
Aquele que
se consagra
não
conserva nada para si, ou então não se
consagrou inteiramente.
O Curso de
Consagração a Nossa Senhora que se realiza na sede dos Arautos em Fortaleza
chegou à sétima aula. Neste encontro, Pe. Eduardo Zacarias, EP tratou dos
sinais da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, sinais estes, opostos aos
defeitos de piedade analisados por São
Luís Grignion no seu tempo. O missionário francês desejando corrigir inteligentemente as falsas devoções a Maria
Santíssima, ensina que o verdadeiro devoto deve procurar ter para com sua
boníssima Mãe, uma devoção interior, terna, santa, constante e desinteressada (tópicos
105 a 110).
Prosseguindo,
o sacerdote arauto projetou sobre o tema a cena do “moço rico do Evangelho”, destacando
(tópico 121) que esta devoção consiste em doar-se inteiramente à Santíssima
Virgem para que através Dela, sejamos inteiramente de Jesus Cristo.
A seguir,
algumas noções que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira considera conveniente
apresentar para bem entender o sentido incondicional de toda verdadeira
devoção.
“Deus pede
de nós certos atos, e certos outros Ele os ordena. Assim, Ele ordena que
cumpramos os Mandamentos. Mas certas práticas de virtudes, que não são de
estrita obediência nem de preceito, mas de conselho, Ele apenas pede que as
façamos. A nossa consagração perfeita a Nossa Senhora ou a Deus Nosso Senhor -
o que vem a ser a mesma coisa, pois a consagração a Ela só é feita para melhor
nos consagrarmos a Ele - significa uma doação completa de nós. Subentende,
portanto, a disposição de em todas as coisas seguirmos, não só aquilo
que é mandado, mas também o que é recomendado, o que é apenas aconselhado.
“Quando São Luís Grignion fala de consagração a Nossa Senhora, entende que não só devemos oferecer a Ela tudo quanto é nosso, mas também renunciar em seu favor e em Suas mãos a tudo aquilo que não nos foi ordenado que renunciássemos. Não se trata de oferecer a Ela somente a renúncia daquilo a que, por imposição dos Mandamentos, temos a obrigação de renunciar, mas tudo quanto é possível ao homem renunciar.
São
Luís Grignion, neste seu método de consagração, toma a criatura humana, analisa tudo quanto nela há de renunciável, e mostra como isto deve ser colocado nas mãos de Nossa Senhora |
“Quando São Luís Grignion fala de consagração a Nossa Senhora, entende que não só devemos oferecer a Ela tudo quanto é nosso, mas também renunciar em seu favor e em Suas mãos a tudo aquilo que não nos foi ordenado que renunciássemos. Não se trata de oferecer a Ela somente a renúncia daquilo a que, por imposição dos Mandamentos, temos a obrigação de renunciar, mas tudo quanto é possível ao homem renunciar.
“A verdadeira devoção a Nossa Senhora não consiste em vibrações nervosas,
intensas, diante de uma imagem Sua, mas da séria, profunda, estável e coerente
entrega nas mãos d'Ela, de tudo quanto temos de
entregável (tópicos 121 a 126).
“Para bem
compreendermos o passo que esta entrega significa, e o que São Luís Grignion
entende por "consagração", vamos analisar as consequências que esta
acarreta.
"Nosso
corpo com todos os seus membros e sentidos"
“Se damos a
Nossa Senhora o nosso corpo com todos os seus sentidos e membros, a primeira
coisa que neste corpo devemos fazer é a vontade d'Ela. Compreende-se, pois,
desde logo, que não possamos transformar nosso corpo em instrumento de pecado. Portanto, antes de mais nada, com relação ao corpo, o
que se quer daquele que se consagra a Nossa Senhora é evidentemente a pureza.
De nada adiantará dizermos que nosso corpo Lhe pertence, se depois fizermos
o contrário do que Ela dele quer. É como se déssemos a alguém uma moeda, e
depois a retirássemos para comprar um objeto para nosso próprio uso. Estaríamos
evidentemente roubando à pessoa a quem presenteamos.
Devemos apresentar nosso corpo com respeito, como coisa dada a Nossa Senhora À direita, Santa Teresinha do Menino Jesus |
Nossa alma com todas as suas
potências
"Antes de
mais nada, é necessário dizer que dar a nossa alma a Nossa Senhora significa
dá-la à Fé Católica Apostólica Romana. Nossa alma pertencerá a Maria na medida
em que pertencer à Igreja e ao Soberano Pontífice.
"Mas isso não
basta. Para pertencer a Nossa Senhora, é preciso que nossa alma tenha aquele
equilíbrio interior das almas verdadeiramente consagradas a Ela. Devemos nos
lembrar de que o pecado é tudo aquilo que sai da ordem natural; a virtude,
aquilo que está de acordo com ela.
"Portanto,
toda operação da inteligência e todo ato de vontade ou moção da sensibilidade
contrários à ordem natural são imperfeição. Só seremos verdadeiramente de Nossa
Senhora no dia em que, dentro de nossa alma, entre a inteligência, a vontade e
a sensibilidade, reinar aquele equilíbrio das almas verdadeiramente
virtuosas.
Nossos bens exteriores - que
chamamos de fortuna - presentes e futuros
"Aqui deve
entender-se a fortuna e tudo quanto ela traz: a consideração social, as
relações, a influência, enfim todas as vantagens deste mundo.
"É muito
difícil chegar-se às últimas consequências a respeito da consagração da fortuna
a Nossa Senhora. Nada há de mais fraudulento nem de mais perigoso do que certa
"mentalidade de doador". Nossas fraquezas aparecem mais quando damos,
do que quando recebemos. Receber é simples, dar é que é difícil.
"Se temos
dinheiro e fazemos a consagração de São Luís Grignion, devemos considerar que,
na medida em que nossos deveres de estado permitam, ele pertence a Nossa
Senhora. E, portanto, cada vez que tomamos nosso dinheiro e o gastamos numa
obra de apostolado, estamos cumprindo o prometido, e não fazendo presente
algum. Este, já o fizemos de uma vez por todas. Estamos apenas cumprindo uma
promessa.
Nossos bens interiores e espirituais:
méritos, virtudes e boas obras
"Esta
renúncia, em certo sentido, é ainda mais difícil. Primeiramente devemos estar
dispostos a oferecer o bem interno da própria alma, que é um dos bens
interiores mais preciosos. Assim, como há momentos em que sentimos agradável a
vida de nosso corpo, assim também sentimos, por vezes, agradável a vida de
nossa alma. "Devemos
estar dispostos a renunciar a todos os deleites interiores, e até às
consolações espirituais, desde que seja para maior vantagem da Igreja Católica
e para enriquecimento de seu precioso tesouro.
"E devemos
estar dispostos - propõe-nos São Luís Grignion - a algo que é um requinte ainda
maior. De acordo com a doutrina católica, por disposição da Providência Divina
a reparação de nossos pecados é feita, parte nesta vida, parte no Purgatório,
em dosagens de que apenas Deus é o verdadeiro conhecedor.
"De uma coisa,
entretanto estamos certos: pelos pecados que cometemos, ainda que deles nos
arrependamos e nos sejam perdoados, iremos expiar. Mas Deus Nosso Senhor toma
em consideração também as nossas boas obras, em razão do que Ele pode nos
dispensar de uma parte desses castigos.
"São Luís
Grignion propõe, contudo, que se faça um ato que é o fino fio da doação, o que
ela tem de mais cruciante, ato este que consiste em renunciarmos ao mérito das
nossas boas obras. Assim, ficamos expostos a receber os castigos que os nossos
pecados merecem. Se fizermos um exame de consciência, veremos quantos castigos
nos estão preparados. Ora, com essa consagração nos dispomos a que Nossa
Senhora aproveite esses méritos segundo as maiores glórias, intenções e
interesses da Igreja Católica. E ficamos desnudos até do que possa haver,
naquilo que praticamos, de expiatório em nosso favor, e de meritório aos olhos
de Deus".
Nenhum comentário:
Postar um comentário