Sol entre duas fornalhas
Chamado
a ser a “luz do mundo” (Mt 5,14),
o
sacerdote é aquele sobre quem a mão de Deus pousou.
Todo
sacerdote é, conforme nos ensina São Paulo, “escolhido entre os homens e
constituído a favor dos homens como mediador nas coisas que dizem respeito a
Deus” (Hb 5, 1). Ele é, portanto, e antes de mais nada, um homem que comparte a
mesma sina de todos os demais filhos de Adão e Eva, carregando defeitos e
qualidades, e tendo na sua frente uma estrada de luta na qual se misturam
tristezas e alegrias. Contudo, ao ser chamado por Cristo para ser seu ministro,
deixa de ser um homem comum: ele passa a ser aquele sobre quem a mão de Deus
pousou.
Confiscado
por Deus para servi-Lo com exclusividade numa condição excelsa, o sacerdote se
vê, contudo, muitas vezes assediado pelas preocupações do mundo. Constituído
“como mediador nas coisas que dizem respeito a Deus”, é frequentemente tentado
de cuidar de outros afazeres, como Marta, à qual, entretanto, Nosso Senhor
recordou: “uma só coisa é necessária” (Lc 10,42). Isto será tanto mais verdade
para quem livremente escolheu colocar a mão no arado (cf. Lc 9, 62).
Pela
imposição das mãos, o presbítero é consagrado ao serviço do Senhor. Torna-se
pessoa sagrada, ministro de um culto sagrado, visando um fim sagrado. Isto
exige dele ter, a partir daquele momento, “um coração totalmente entregue ao
Senhor” (Card. Franc Rodé, Homilia, 22/8/2014). Obriga-o também a renunciar
a tudo quanto seja profano e possa afastá-lo do sagrado.
Instrumento
puríssimo do amor divino, o sacerdote tem como missão essencial incendiar as
almas com o fervor por Deus, para multiplicar e expandir o fogo sublime que o
próprio Cristo veio trazer à Terra (cf. Lc 12, 49), como preço de seu Sangue;
aquele fogo belíssimo que desceu sobre Maria e os Apóstolos (cf. At 2, 3).
Contudo,
o mesmo Cristo que promete as maiores recompensas para os fiéis, não deixa de
ameaçar as “árvores que não produzirem bons frutos”(Lc 3, 9; Mt 3, 10) com um
“fogo que nunca se apaga” (Mc 9, 46). O sacerdote é colocado assim, numa
perspectiva que transcende largamente sua natureza humana, entre duas fornalhas
eternas: uma toda feita de amor, outra alimentada pela Justiça Divina.
Mas
a santidade própria ao estado sacerdotal não se esteia no desejo de servir a
Deus por temor ao inferno. O ministro consagrado deve abrasar-se de uma
caridade intensíssima que o consuma, diante da qual nenhum sacrifício, nenhuma
renúncia, nenhum holocausto pareçam excessivos. Chamado a ser “luz do mundo”
(Mt 5, 14), o sacerdote tem o dever de converter-se num sol a iluminar e
aquecer a Terra com o ardor de seu amor a Deus.
Se
o católico ideal é um homem de fogo, o sacerdote só será digno de sua altíssima
condição se ele tiver uma alma incendiada em amor. Se ele for um homem em cujas
veias não circula sangue, mas fervor em brasas.
(Editorial da Revista Arautos do Evangelho, Outubro de 2014 - As ilustrações foram incluídas por este blog)
(Editorial da Revista Arautos do Evangelho, Outubro de 2014 - As ilustrações foram incluídas por este blog)
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Salve Maria. Nossa Senhora Rainha, abençoa os Sacerdotes para iluminar a Humanidade.
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