31 de jan. de 2017

Saiba mais sobre São João Bosco, o padroeiro da juventude


Um dos Santos mais populares da Igreja e do mundo. Foi sua missão específica a educação cristã da
juventude. Para o desempenho da sua missão salvadora, jamais o Céu lhe faltou com extraordinários dotes humanos e sobrenaturais.



São João Bosco nasceu no Colle dos Becchi, no Piemonte, Itália, uma localidade junto de Castelnuovo de Asti (agora chama-se Castelnuovo Dom Bosco) a 16 de agosto de 1815. Era  Sfilho de humilde família de camponeses. Órfão de pai aos dois anos, viveu sua mocidade e fez os primeiros estudos no meio de inumeráveis trabalhos e dificuldades. Desde os mais tenros anos sentiu-se impelido para o apostolado entre os companheiros. Sua mãe, que era analfabeta, mas rica de sabedoria cristã, com a palavra e com o exemplo animava-o no seu desejo de crescer virtuoso aos olhos de Deus e dos homens.

Mesmo diante de todas as dificuldades, João Bosco nunca desistiu. Durante um tempo foi obrigado a mendigar para manter os estudos. Prestou toda a espécie de serviços. Foi costureiro, sapateiro, ferreiro, carpinteiro e, ainda nos tempos livres, estudava música.

Queria vivamente ser sacerdote. Dizia: “Quando crescer quero ser sacerdote para tomar conta dos

29 de jan. de 2017

O Cortejo dos Profetas

Congonhas do Campo é o lugar
onde as pedras falam.

Milagre da arte que o escultor brasileiro  
Antônio Francisco Lisboa - o Aleijadinho – 
realizou, nas figuras dos Profetas.

Estamos em 24 de maio de 1733. As ruas íngremes de Vila Rica, antiga capital de Minas Gerais, despertaram floridas, repletas de damascos e sedas. As pedrarias, o ouro, a prata brilhavam nos locais mais inesperados…

“Então, com absoluto respeito do povo, celebrou-se Missa na Igreja do Rosário oficiada a dois coros de música, de cujos ministros a riqueza dos paramentos dava gosto aos olhos, elevação aos corações.

27 de jan. de 2017

IV Domingo do Tempo Comum - Ano A - 29 de janeiro de 2017

Sermão da Montanha
Vitral do Convento de Tyburn, Londres
"Naquele tempo: 1 Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-Se. Os discípulos aproximaram- se, 2 e Jesus começou a ensiná-los: 3 ‘Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. 4 Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados. 5 Bem- -aventurados os mansos, porque possuirão a terra. 6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. 8 Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. 9 Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. 11 Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de Mim. 12a Alegrai-vos e exultai porque será grande a vossa recompensa nos Céus'" (Mt 5, 1-12a). 




IV DOMINGO DO TEMPO COMUM


Radical mudança de padrões
no relacionamento divino e humano


Mons. João Clá Dias, EP
No Sermão da Montanha, Nosso Senhor ensinou uma nova forma de relacionamento diametralmente oposta aos princípios e costumes vigentes no mundo antigo. À crueldade e à dureza de trato, veio contrapor a lei do amor, da bondade e do perdão, belamente sintetizada nas oito bem-aventuranças.


I – JESUS PROCLAMA UMA DOUTRINA INOVADORA

A figura majestosa do Messias e sua surpreendente doutrina ao mesmo tempo intrigavam, impunham respeito e atraíam. Do seu olhar profundo e sereno dimanava ilimitada bondade. Atendia todos os pedidos, curava todos os doentes. Até aqueles que tocavam na orla do seu manto ou eram apenas acariciados por sua sombra, viam-se favorecidos por sua benfazeja onipotência. D'Ele os aflitos recebiam inefável consolo.

20 de jan. de 2017

III Domingo do Tempo Comum - Ano A - 22 de janeiro de 2017

 São João Batista
Igreja da Santíssima Trindade, Assunção (Paraguai)
12 Ao saber que João tinha sido preso, Jesus voltou para a Galileia. 13 Deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do Mar da Galileia, 14 no território de Zabulon e Neftali, para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: 15 “Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar, região do outro lado do rio Jordão, Galileia dos pagãos! 16 O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz”. 17 Daí em diante Jesus começou a pregar dizendo: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. 18 Quando Jesus andava à beira do Mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam lançando a rede ao mar, pois eram pescadores. 19 Jesus disse a eles: “Segui-Me, e Eu farei de vós pescadores de homens”. 20 Eles imediatamente deixaram as redes e O seguiram. 21 Caminhando um pouco mais, Jesus viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Estavam na barca com seu pai Zebedeu consertando as redes. Jesus os chamou. 22 Eles imediatamente deixaram a barca e o pai, e O seguiram. 23 Jesus andava por toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo (Mt 4, 12-23).


III DOMINGO DO TEMPO COMUM

O início da vida pública

Por que terá escolhido Jesus a diminuta Nazaré para viver, e a dissoluta Cafarnaum para iniciar sua pregação? Na vida do Salvador todos os acontecimentos se explicam por elevadas razões de sabedoria.

I – FIM DO REGIME DA LEI E DOS PROFETAS

12 Ao saber que João tinha sido preso, Jesus voltou para a Galileia.

A prisão do Precursor, determina o fim do regime da Lei e dos profetas e o começo da pregação sobre o Reino dos Céus, conforme veremos na Liturgia deste 3º Domingo do Tempo Comum.

“Entre o jejum e as tentações de Cristo no deserto e a prisão e o martírio do Batista — que São Mateus contará detalhadamente mais adiante (14, 3-12) —, decorre um lapso de tempo de alguns meses,

19 de jan. de 2017

Faça o curso de consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort



Início: 18 de JANEIRO de 2017
Local: Av. Cel. Francisco Flávio Carneiro, 190
Luciano Cavalcante - (085) 3272.2413


O Arautos do Evangelho, em Fortaleza, lança mais uma turma para os interessados em realizarem a consagração total a Jesus Cristo por meio de Nossa Senhora, de acordo com o método apresentado no livro "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem", escrito por São Luís Maria Grignion de Montfort.

O primeiro dia do curso iniciou com uma santa missa, celebrada pelo reverendíssimo padre Godofredo, e contou com a participação de interessados e familiares.

Segundo o Coordenador do Curso e encarregado da sede em Fortaleza, Sr. Geraldo Cúrcio, EP, os interessados podem realizar a inscrição até  o dia 24 de janeiro, próxima quarta-feira, ocasião da primeira aula.

A última ocasião em que o Arautos do Evangelho realizou a consagração a Nossa Senhora, em Fortaleza (Casa São José), ocorreu no dia 27 de novembro de 2016, através da santa missa celebrada pelo reverendíssimo padre David Francisco, EP, com a participação de cerca de 40 pessoas.  

TRATADO
São Luís Grignion mostra neste livro, no que consiste a perfeita devoção dos fiéis a Nossa Senhora, a verdadeira escravidão de amor à Rainha do Céu. Ele deixa claro o papel fundamental da Mãe de Deus no Corpo Místico de Cristo, que é a Santa Igreja, e na vida espiritual de cada cristão. Ele nos ensina a viver nossa vida espiritual em consonância com todas essas verdades. E nos coloca num caminho tão sublime, tão doce, tão maravilhoso e perfeito de união com Maria Santíssima, que, talvez, nada há na literatura cristã de todos os tempos, que o exceda neste ponto.



Ele é categórico em afirmar que a propagação da devoção a Nossa Senhora  é fundamental para que venha o Reino de Cristo. E a razão teológica vem colocada, por São Luís, logo no tópico 1º do Tratado: “Foi por intermédio da Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo  veio ao mundo”, isto é,  Maria Santíssima foi um instrumento, querido por Deus, para que Jesus Cristo tenha vindo, “e é também por meio dEla que Ele deve reinar no mundo”, ou seja, a devoção a Jesus Cristo deve vir ao mundo, da mesma forma, por intermédio de Maria Santíssima.

REINO DE MARIA
Os Arautos do Evangelho, desejosos de que o Reino de Cristo, por meio de Maria, seja instaurado, o quanto antes, em todos os corações, oferecem um Curso de Consagração, gratuito, que é ministrado em doze palestras (uma por semana), sempre às quartas-feiras - 20:00h, tendo como base o estudo do “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”. No final do curso a Consagração a Maria é feita durante solene Celebração Eucarística.



Esta devoção, afirma São Luís Grignion, unindo o mundo a Nossa Senhora, uni-lo-á a Deus. No dia em que todos conhecerem, apreciarem e viverem esta devoção, nesse dia Maria Santíssima reinará em todos os corações, e a face da Terra será renovada.

A respeito da sagrada escravidão a Nossa Senhora, interrogado pelo conhecido escritor André Frossard, o Beato João Paulo II se exprimiu assim: “Escravidão: a palavra pode chocar nossos contemporâneos. Por mim não vejo nela nenhuma dificuldade. Penso que se trata de uma espécie de paradoxo, como frequentemente se encontra nos Evangelhos, significando as palavras santa escravidão, que nós não poderíamos realizar mais profundamente nossa liberdade, o maior dos dons que  Deus nos tenha feito. Porque a liberdade se mede pelo amor do qual somos capazes. É isto, creio, que Montfort quis mostrar”. (André Frossard-Dialogues avec  Jean-Paul II, Paris, 1983,pp.186,187 – L’Homme Nouveau-Paris, 18-11-84).

Geraldo Cúrcio, EP, coordena o curso e profere as aulas


INFORMAÇÕES
Sede dos Arautos do Evangelho, em Fortaleza

Av. Cel. Francisco Flávio Carneiro, 190, Luciano Cavalcante

Fone: (85) 3272-2413

Coordenação: Geraldo Alves Cúrcio

E-mail: arautosfortaleza@uol.com.br  -  g.curcioarautos@gmail.com

13 de jan. de 2017

II Domingo do Tempo Comum - Ano A - 15 de janeiro de 2017

São João Batista
Catedral de Notre-Dame - Paris




Naquele tempo: 29 João viu Jesus aproximar-Se dele e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. 30 D’Ele é que eu disse: ‘Depois de mim vem um Homem que passou à minha frente, porque existia antes de mim’. 31 Também eu não O conhecia, mas se eu vim batizar com água, foi para que Ele fosse manifestado a Israel”. 32 E João deu testemunho, dizendo: “Eu vi o Espírito descer, como uma pomba do Céu, e permanecer sobre Ele. 33 Também eu não O conhecia, mas Aquele que me enviou a batizar com água me disse: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, este é quem batiza com o Espírito Santo’. 34 Eu vi e dou testemunho: ‘Este é o Filho de Deus!’” (Jo 1, 29-34).


II DOMINGO DO TEMPO COMUM


O Precursor e a restituição


Mons. João Clá Dias, EP
Ao ver Jesus vir a ele no Jordão, João era já pregador de grande prestígio, profeta como nunca houvera em Israel. Entretanto, longe de sentir inveja, o Batista reagiu com heroica humildade e ilimitada servidão, testemunhando ser aquele homem o Filho de Deus.



I - UM DOS MAIS BELOS ENCONTROS DA HISTÓRIA



"O semelhante se alegra com seu semelhante", diz um antigo provérbio latino, e de fato é esse um princípio intrínseco a todos os seres com vida, na medida em que sejam passíveis de felicidade. Deus assim nos criou e fez uns dependerem dos outros, aperfeiçoando- nos com o mais entranhado dos instintos, o de sociabilidade. Se para um pássaro constitui motivo de gáudio o encontrar-se com outro da mesma espécie, para nós, esse fenômeno é mais intenso. Ora, se grande é o júbilo de duas crianças afins ao se encontrarem pela primeira vez no colégio, qual não terá sido a reação dos dois maiores homens de todos os tempos, ao se contemplarem face a face?

Assim se realizou um dos mais belos encontros da História, João Batista diante de Jesus; para melhor compreendê- lo, analisemos as analogias entre um e outro.


Traços de semelhança entre Jesus e João

Apesar de serem duas pessoas infinitamente distantes entre si pela natureza - João é mero homem, Jesus é a Segunda Pessoa da Trindade Santíssima - numerosos traços de semelhança os unem.

Jesus é o alfa e o ômega da História. João é o começo do Evangelho e o fim da antiga Lei (1). Assim o afirma o próprio Nosso Senhor: "Com efeito, todos os profetas e a Lei profetizaram até João" (Mt 11, 13-14).

Segundo Tertuliano, João Batista é uma "figura única na História, adornada em vida de um prestígio sobre-humano, que se levanta misteriosa e solene nos confins de ambos os Testamentos" (2). Dele afirma Jesus: "Na verdade vos digo que entre os nascidos de mulher, não veio ao mundo outro maior que João Batista" (Mt 11, 11).

Além do mais, a concepção de ambos, de Jesus e de João, é precedida pelo anúncio do mesmo embaixador São Gabriel Arcanjo (Lc 1, 11-19 e 26- 34). As mensagens não diferem muito, em seus termos, uma da outra. Os nomes de Jesus e de João foram designados por Deus (Lc 1,13 e 31).

No próprio ato de anunciar o nascimento, o Mensageiro celeste profetiza também o futuro tanto do Precursor (Lc 1,13-17) quanto do Messias (Lc 1,31-33).

O perfil do Precursor

Sobre Jesus, se fôssemos analisar as grandezas de suas qualidades e de suas obras, "nem todo o mundo poderia conter os livros que seria preciso escrever" (Jo 21, 25).

No Batista, tudo é sui generis, a começar pela profecia de sua vinda, proferida por Isaías e Malaquias: "Uma voz exclama: Abri no deserto um caminho para o Senhor, traçai na estepe uma pista para nosso Deus" (Is 40, 3); "Vou mandar meu mensageiro para preparar o meu caminho" (Mal 3, 1).

Mais impressionante ainda é a sua santificação no seio materno operada pela Santíssima Virgem: "Porque, logo que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, o menino saltou de alegria no meu ventre" (Lc 1, 44).

A grandeza de sua missão é profetizada pelo próprio pai: "E tu, menino, serás chamado o profeta do Altíssimo, porque irás à frente do Senhor, a preparar os seus caminhos; para dar ao seu povo o conhecimento da salvação" (Lc 1, 76-77).

A rudeza da forma de vida escolhida pelo Batista lhe confere uma aura de austeridade ímpar: "Ora o menino crescia e se fortificava no espírito. E habitou nos desertos até o dia da sua manifestação a Israel" (Lc 1, 80). "Andava João vestido de pêlo de camelo, (...) e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre" (Mc 1, 6).

Ao iniciar suas pregações, foi acolhido pela opinião pública da época com enorme prestígio, pois, já ao seu nascimento, "o temor se apoderou de todos os seus vizinhos, e divulgaram-se todas essas maravilhas por todas as montanhas da Judéia. Todos os que as ouviram as ponderavam no seu coração dizendo: ‘Que virá a ser este menino?' Porque a mão do Senhor estava com ele" (Lc 1, 65-66). Logo de início, João atraiu multidões: "E iam ter com ele toda a região da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém" (Mc 1, 5), "porque todos tinham a João como verdadeiro profeta" (Mc 11, 32).

Os soldados, os publicanos e as multidões lhe perguntavam "Mestre, que devemos fazer?" (Lc 3, 10-14). O próprio Herodes, querendo matá-lo "teve medo do povo, porque este o considerava como um profeta" (Mt 14, 5). Essa grande fama se estendeu até após sua morte: "porque todos tinham João como um profeta" (Mt 21, 26).

As repercussões sobre sua figura, palavras e obras ecoaram entre os vales e os montes da Terra Prometida, a ponto de o povo chegar a pensar "que talvez João fosse o Cristo" (Lc 3, 15).

Pois bem, fixemos em nossa lembrança essa gloriosa projeção alcançada em vida por São João Batista e abramos um parênteses para considerar a principal de suas virtudes: a da restituição, a qual consiste essencialmente em atribuir a Deus os dons d'Ele recebidos.

II - INVEJA E AMBIÇÃO, VÍCIOS UNIVERSAIS

A ambição é uma paixão tão universal quanto o é a vida humana. Quase se poderia dizer que ela se instala na alma antes mesmo do uso da razão, sendo facilmente discernível no modo de a criança agarrar seu brinquedo ou na ânsia de ser protegida. Ao tomar consciência de si e das coisas, os impulsos primeiros de seu ser convidá-la-ão a chamar a atenção sobre sua pessoa e, se ela cede, ter-se-á iniciado o processo da ambição. O desejo de ser conhecida e estimada é a primeira paixão que macula a inocência batismal. Quantos de nós não nos lançamos nos abismos da ambição, da inveja e da cobiça já nos primeiros anos de nossa infância? Essas provavelmente foram as raízes dos ressentimentos que tenhamos tido a propósito da glória dos outros. Sim, pelo fato de desejarmos a estima de todos, por nos crermos no direito à glória e ao louvor dos nossos circunstantes, constitui para nós uma ofensa o sucesso dos outros. Por isso São Tomás define a inveja como sendo "a tristeza do bem alheio enquanto se considera como mal próprio, porque diminui a própria glória ou excelência" (3).

Há paixões que se mantêm letárgicas até a adolescência, assim não o é a inveja; ela se manifesta já na infância e acompanha o homem até a hora de sua morte. Não será difícil aos pais observar os sinais desse vício, em seus pequenos. Irmãos ou irmãs, entre si, não poucas vezes terão problemas por se imaginarem eclipsados pelas qualidades ou privilégios de seus mais próximos. Quantas vezes não acontece de ser necessário separar-se irmãos, ou irmãs, na tentativa de corrigir essas rivalidades que podem chegar a extremos inimagináveis, tal qual se deu entre os primeiros filhos de Eva, Caim e Abel?

A ambição e a inveja são mais universais do que parece à primeira vista; poucos se vêem livres de suas garras. Elas se levantam e tomam corpo em relação aos que nos são mais próximos, como afirma São Tomás: "A inveja é do bem alheio enquanto diminui o nosso. Portanto, somente se suscita a respeito daqueles que se quer igualar ou superar. Isto não sucede em pessoas que diferem muito de nós em tempo, espaço e lugar, senão nas que nos estão próximas" (4).

Assim, ao sábio será mais difícil invejar o general, e vice- versa, ou, uma médica a uma costureira; mas dentro da mesma profissão, quanto mais relacionadas forem as pessoas entre si, mais intensa se manifestará essa paixão.

Em Nazaré, Jesus exercia a profissão
de  carpinteiro, auxiliando seu pai;  só
mesmo um forte olhar de fé poderia
discernir nesse Menino uma
Pessoa Divina
Em conseqüência, poder-se-ia dizer que jamais se excitaria esse mau pendor nas almas dos contemporâneos de Jesus face a suas qualidades, pois a diferença entre Ele e qualquer pessoa deste mundo é simplesmente infinita. De fato, esse seria o normal relacionamento dos outros com o Redentor, se seu nascimento e vida fossem refulgentes de poder e de glória. Mas Ele veio ao mundo numa gruta em Belém, foi envolto em panos e depositado na manjedoura sobre palha, viveu em Nazaré exercendo a profissão de carpinteiro para auxiliar seu pai. Assim, só mesmo um forte olhar de fé poderia discernir nesse Menino uma Pessoa de Deus. E essas aparências contrárias à sua divindade chegaram a ser tão extremas que Jesus conferiu o título de bem-aventurado a quem não se envergonhasse de segui-lO (Mt 11, 6). Se Ele tivesse manifestado todo o fulgor da infinita distância existente entre a natureza divina de sua Pessoa e a nossa humana, não haveria quase mérito na restituição dos bens que d'Ele recebemos.

É justamente em função das primeiras palavras pronunciadas por Maria em seu cântico de ação de graças, ouvidas com alegria por João Batista no seio materno, que toma brilho a mais alta virtude do Precursor: "A minha alma glorifica o Senhor; e o meu espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador porque olhou para a humildade de sua serva" (Lc 1, 46-48). Essa foi a formação recebida pelo menino-profeta ao longo dos meses durante os quais Maria viveu em casa de Isabel: humildade e servidão. Como teria sido de um valor inestimável se os pontífices e fariseus do Sinédrio houvessem sido educados na mesma escola de João! Certamente não se teriam reunido depois da ressurreição de Lázaro, para decretar a morte de Jesus (Jo 11, 47-53).

III - SÃO JOÃO BATISTA E A VIRTUDE DA RESTITUIÇÃO

Aproximemo-nos de João nas margens do rio Jordão e analisemos seu prestígio de pregador. Profeta como igual nunca houve em Israel, fundador e chefe de uma escola, todo o povo o procura. Entretanto, seu renome está condenado a uma lenta morte, sua instituição deverá dissolver-se paulatinamente, sobre a glória de sua obra far-se-á um grande eclipse, pois um valor mais alto se aproxima. Esse era o momento do ressentimento, da ambição ferida e talvez até da inveja. Muito pelo contrário, a reação de João foi de heroica humildade e ilimitada servidão, como encontramos narrado no Evangelho de hoje.

29 João viu Jesus aproximar-Se dele

Assim como Maria foi à sua prima Santa Isabel, é Jesus quem se dirige a João, e agora pela segunda vez. O discípulo amado não nos relata o Batismo de Jesus como o faz Mateus (3, 13-17) e, segundo São João Crisóstomo, Jesus volta a encontrar-se com o Batista para desfazer o equívoco de que, na primeira vez, Ele tivesse ido procurá-lo tal qual o faziam todos, ou seja, para confessar seus pecados ou para obter a purificação dos mesmos pelas águas do Jordão.

e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.

Assim como hoje nossa fé se robustece em méritos ao contemplar uma Hóstia consagrada e crer na Presença Real de Jesus Eucarístico, também naqueles dias era indispensável, para benefício de todos, o Redentor apresentar- Se sob os véus de nossa natureza. Jesus, desde o nascimento até essa ocasião, era um homem comum e corrente em todas as suas aparências. Tornava- se necessário ir descerrando pouco a pouco esses véus, a fim de introduzir o povo na verdadeira perspectiva debaixo da qual fosse possível prestar- Lhe um culto de latria. Excelente meio escolheu o Salvador: suscitou um varão que havia comovido toda Israel por sua figura constituída de mistério, profetismo e santidade, saído de dentro de uma vida feita de ascese e penitência, o Precursor. 
O Salvador suscitou para anunciá-Lo
um varão
que havia comovido toda
 Israel  por sua  figura
constituída de
mistério, profetismo e santidade

 (pintura da catedral de Barcelona, Espanha)

Era chegado o momento de os judeus ouvirem, de lábios dignos da máxima credibilidade, a proclamação da grandeza do Messias ali presente. A preparação dos corações estava concluída, o caminho do Senhor já se encontrava endireitado, a voz ecoara pelo deserto, o Filho de Deus precisava ser conhecido e, para tal, era indispensável muita clareza na comunicação: "Eis o Cordeiro de Deus".

O conhecimento de Deus é bem diferente do nosso. Vivemos no tempo, e a cronologia é fundamental em nosso processo intelectivo. Para Deus tudo é presente e, ao criar, fez Ele depender uns seres de outros. No pináculo da criação, colocou Cristo como Causa, Modelo, Regente e Guia, e, tendo em vista o pecado e o Redentor, criou o cordeiro para simbolizar este grandioso aspecto de seu Unigênito Encarnado, o de vítima expiatória, numa clara referência ao "cordeiro pascal" (Ex 12, 3-6), ou quiçá, ao duplo sacrifício diário oferecido no Templo (Ex 29, 38), ou como comenta Orígenes: "Porque Ele, tomando sobre si nossas aflições e tirando os pecados de todo mundo, recebeu a morte como batismo" (5).

O cordeiro é um animal pacífico e pacificador. Solto no pasto ou posto na baia, ele tranquiliza os corcéis fogosos, evitando-lhes ferimentos inúteis. 
A afirmação de João é feita no presente do indicativo -"Aquele que tira" - para indicar a perpetuidade do ato redentor.

30 D’Ele é que eu disse: ‘Depois de mim vem um Homem que passou à minha frente, porque existia antes de mim’.

É patente tratar-se aqui de um Homem de corpo e alma. Embora tenha nascido depois do Batista, este último confessa publicamente não só que Jesus lhe é superior, mas também que já existia antes dele. E é real, pois, enquanto Verbo de Deus, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Ele é eterno. Assim, neste versículo, o Precursor proclama a Humanidade unida à Divindade, numa só Pessoa. É a revelação do mistério da Encarnação.

31 Também eu não O conhecia, mas se eu vim batizar com água, foi para que Ele fosse manifestado a Israel”.

João quis evitar o equívoco da parte do povo, o qual poderia julgar serem suas afirmações sobre Jesus feitas com base no parentesco existente entre ambos. E realmente, o Batista se retirara ao deserto ainda menino e não estivera com Ele antes. Portanto, suas declarações eram fruto de um discernimento essencialmente profético, como também é profética sua missão, pois torna claro o objetivo de seu batismo: o reconhecimento do Messias, da parte do povo.

32 E João deu testemunho, dizendo: “Eu vi o Espírito descer, como uma pomba do Céu, e permanecer sobre Ele.

O mistério da Santíssima Trindade não havia sido revelado até então; entretanto, de dentro da Teologia como é hoje conhecida, torna-se patente a presença das Três Pessoas nessa proclamação de João Batista.

A pomba é inocente por sua natureza e, ao contrário das aves de rapina, não se alimenta de carnes mortas, mas sim de sementes da terra. Gemem quando estão enamoradas. Eis um belo símbolo do Espírito Santo, a Inocência que nos instrui, ilumina e santifica com gemidos inefáveis dentro de nós.

33 Também eu não O conhecia, mas Aquele que me enviou a batizar com água me disse: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, este é quem batiza com o Espírito Santo’.

Reafirma São João Batista não ter antes conhecido Jesus. Compreende-se sua insistência a esse respeito, pois os laços familiares eram vigorosos naqueles tempos e havia o risco de interpretarem as palavras do Precursor sob um prisma meramente humano.

Era indispensável fixar a atenção de todos na origem divina de suas proclamações, daí a referência Àquele que o havia mandado batizar.

34 Eu vi e dou testemunho: ‘Este é o Filho de Deus!’”

Sim, Jesus é o Unigênito do Pai. Enquanto os outros todos - inclusive a Santíssima Virgem - somos filhos adotivos, Jesus é gerado e não criado, desde toda a eternidade. João já havia declarado ser o Messias o Cordeiro de Deus, que batizaria no Espírito Santo. Porém, esta é a primeira vez que declara tratar-se especificamente do Filho de Deus.

IV - CONCLUSÃO: CASTIGO DA AMBIÇÃO E DA INVEJA

O castigo de Deus à ambição e à inveja se faz presente não só na eternidade, mas também nesta vida. Quem se deixa arrastar por esses vícios, perde a noção do verdadeiro repouso e passa a viver constantemente na preocupação, na inquietude e na ansiedade. Sempre estará atormentado pelo pavor de ficar à margem, de ser esquecido, igualado ou superado. Sua existência será um inferno antecipado e essas paixões se constituirão em seus próprios carrascos.

Pelo contrário, quanta felicidade, paz e doçura têm as almas que são despretensiosas, reconhecedoras dos bens e das qualidades alheias, restituidoras a Deus dos dons por Ele concedidos.

Entremos na escola de Maria, e d'Ela aprendamos a restituir a Deus nosso ser, nossa família e todos os nossos haveres. Ela nos ensinará a glorificar ao Senhor por ter contemplado o nosso nada e, como resultado, nosso espírito exultará de alegria (Lc 1, 47), a exemplo de seu primeiro discípulo, São João Batista.

1 ) Suma Teológica III, q. 38, a. 1 ad. 2.
2 ) Cf. Adversus Marcionem, IV, 33: PL 2, 471.
3 ) Suma Teológica II-II, q. 36, a. 1.
4 ) Suma Teológica II-II, q. 36, a.1, ad. 2.
5 ) Apud Catena Áurea, in Jo I, 29.


5 de jan. de 2017

O Rosário de Hiroshima


1917-2017
CENTENÁRIO
das Aparições em FÁTIMA
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Os jesuítas salvos pelo Rosário



A cidade de Hiroshima em 1945, com a Igreja dos jesuítas em primeiro plano
O Superior Provincial da Companhia de Jesus no Japão, Pe. Hugo Lassalle, e outros três jesuítas – Pe. Hubert Schiffer, Pe. Wilhelm kleinsorge e Pe. Hubert Cieslik – encontravam-se em Hiroshima no trágico dia 6 de agosto de 1945, quando caiu sobre ela a Little Boy, primeira bomba atômica detonada em território habitado. Moravam na casa paroquial da Igreja Nossa Senhora da Assunção, perto do centro de explosão da bomba que arrasou milhares de imóveis num raio de 3 km e matou cerca de 80 mil pessoas. No momento da detonação, um deles celebrava a Sagrada Eucaristia e os demais cuidavam de seus afazeres cotidianos.

A oração do Rosário foi um dos
meios de salvação indicados
por Nossa Senhora em Fátima
Entretanto, de modo humanamente inexplicável, esses filhos de Santo Inácio escaparam ilesos da catástrofe: nada sofreram, além de pequenos ferimentos causados por estilhaços de vidro. O fato, registrado por historiadores e médicos, tornou-se conhecido como o “milagre de Hiroshima”. Poucos dias após a explosão, os quatro jesuítas foram submetidos e informados de que, por efeito da radiação, sofreriam graves doenças e teriam morte prematura. Nada disso aconteceu. Em 1976, o Pe. Hubert Schiffer participou de um congresso nos Estados Unidos e testemunhou que todos estavam vivos e em boa saúde. Ao longo desses anos, eles foram examinados cerca de duzentas vezes por diferentes médicos, sempre com o mesmo resultado: nenhuma consequência da temida radiação.

O Pe. Schiffer narrou em detalhes a história no livro intitulado O Rosário de Hiroshima. E declarou que os quatro atribuíam à mediação da Santíssima Virgem Maria o fato de terem escapado de forma tão miraculosa: “Cremos que sobrevivemos porque vivíamos a mensagem de Fátima” e “rezávamos diariamente o Rosário naquela casa”.


4 de jan. de 2017

Solenidade da Epifania do Senhor - Ano A - 08 de janeiro de 2017

1 "Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, na Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que alguns Magos do Oriente chegaram a Jerusalém, 2 perguntando: ‘Onde está o Rei dos judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo'. 3 Ao saber disso, o rei Herodes ficou perturbado, assim como toda a cidade de Jerusalém. 4 Reunindo todos os sumos sacerdotes e os mestres da Lei, perguntava-lhes onde o Messias deveria nascer. 5 Eles responderam: ‘Em Belém, na Judeia, pois assim foi escrito pelo profeta: 6 E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um chefe que vai ser o pastor de Israel, o meu povo'. 7 Então Herodes chamou em segredo os Magos e procurou saber deles cuidadosamente quando a estrela tinha aparecido. 8 Depois os enviou a Belém, dizendo: ‘Ide e procurai obter informações exatas sobre o Menino. E, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-Lo'. 9 Depois que ouviram o rei, eles partiram. E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até parar sobre o lugar onde estava o Menino. 10 Ao verem de novo a estrela, os Magos sentiram uma alegria muito grande. 11 Quando entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe. Ajoelharam-se diante d'Ele, e O adoraram. Depois abriram seus cofres e Lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra. 12 Avisados em sonho para não voltarem a Herodes, retornaram para a sua terra, seguindo outro caminho" (Mt 2, 1-12).



SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR



Mons. João Clá Dias, EP
O Espírito Santo 
e nossos maravilhamentos?

Inspirados pela graça, os Reis Magos se puseram a caminho para encontrar o Criador do universo numa criança recém-nascida. Importância da sensibilidade ao timbre do Espírito Santo.

I - A INOCÊNCIA DIANTE DO MARAVILHOSO

No trato com crianças não é difícil constatar o seu senso do maravilhoso. Quando o inocente está em formação e despontam os primeiros lampejos do uso da razão, ele se encanta com tudo quanto vê, acrescentando à realidade algo que ela, de si, não tem. Ou seja, imagina aspectos magníficos e grandiosos por detrás de aparências simples. É isso que constitui a alegria da vida infantil.

É indispensável alimentar a fé com as belezas da criação