Vejamos, pela pena de um sacerdote Arauto do Evangelho — Pe. Ryan Murphy, EP — nascido no longínquo Canadá a descrição de algo bem diferente das terras tropicais em que habitamos.
AURORA BOREAL, SUAVE MISTÉRIO DIVINO
Observando
a natureza, o homem, por mais materialista que seja, não pode deixar de
meditar nos aspectos simbólicos das coisas criadas por Deus.
Em toda
parte encontramos reflexos de suas virtudes. Aqui, a beleza e a
mansidão; lá, a grandeza e o esplendor. Porém, ao percorrermos as longas
vias terrestres e marítimas que se espalham pela superfície de nosso
orbe, alguns lugares nos despertam uma certa curiosidade quanto ao
proceder divino.
Por
exemplo, na floresta equatorial, o Altíssimo manifesta-se como que
enfurecido. Tempestades de violência inaudita desabam inesperadamente,
pondo animais em fuga e abatendo árvores sob o furor dos raios. Nos
desertos, o calor tórrido racha as pedras, resseca as fontes e faz
desaparecera vida. E nas desoladas planícies da tundra ártica, onde o
gelo se estende a perder de vista, o frio cortante faz parecer que Deus
voltou as costas e esqueceu aquela parte do mundo…
Mesmo
vendo tudo isso, porém, não há razão para sobressaltos, pois nosso Deus
não é cruel. Toda vez que Ele permite alguma dificuldade, logo depois
oferece alguma forma de dom, para consolar o sofrimento passado.
A mesma
tempestade que sacode a floresta a torna fecunda e senhora das mais
variadas e vibrantes formas de vida do planeta. O calor do deserto racha
as pedras, mas é nesse ambiente árido que nascem as mais raras e belas
flores.
* * *
Mas não
nos esqueçamos das gélidas planícies polares com suas monótonas
superfícies brancas e infindáveis, o assobio constante do vento, o frio
quase inimaginável. Habitantes? Pouquíssimos animais que compartilham
aquela desolação com um punhado de melancólicos seres humanos. É,
propriamente, a figura do isolamento.
Que espécie de compensação, ou melhor, consolação poderia Deus oferecer para essa região do mundo?
Para
vê-la, é preciso, literalmente, voltar os olhos para o céu… Alguns a
chamam de “Asa dos Anjos”, outros, de “Manto de Nossa Senhora”, enquanto
ainda outros, de “Vento do Espírito Santo”.
São as
incomparáveis auroras boreais, tão frequentes no meu país, o Canadá.
Nunca vi nada, absolutamente nada que, sendo natural, transmita tanto a
ideia do sobrenatural quanto essas maravilhosas “Luzes do Norte”.
A aurora
boreal é silenciosa, embora muitas vezes se estenda por milhares de
quilômetros de comprimento e altura. Percebemos que ela se move alto,
muito alto, mas, se nos perguntam onde está, não sabemos dizer com
precisão. É imprevisível. Suas mudanças de direção podem ser súbitas ou
suaves, e a fantástica gama de suas cores iridescentes vai do vermelho
ao azul, passando por matizes de violeta e branco. É impossível
descrever essas tonalidades.
Paulo Eduardo Roque Cardoso
Depois de
vê-la, li explicações científicas sobre partículas energéticas que o
vento solar faz chocar contra a atmosfera terrestre, mas fechei
decepcionado o livro. Esses elétrons carregados não conseguem explicar
aquilo que vi e senti ao contemplar o extraordinário fenômeno.
Paulo Eduardo Roque Cardoso
* * *
A muitos
homens de hoje, acostumados à velocidade cibernética, pode parecer
insensato deter-se para contemplar um tão belo fenômeno da natureza,
recolher-se diante dele e meditar. Talvez por isso as fantásticas
auroras boreais se mostrem especialmente generosas com aqueles poucos
homens que vivem isolados nas vastidões geladas dos extremos árticos.
Paulo Eduardo Roque Cardoso
Não
agirá também Deus de modo semelhante às auroras boreais? Não é verdade
que só para quem se recolhe e busca o salutar isolamento da meditação
Ele faz ouvir os suaves acordes de sua voz eterna e dá aprovar as
delícias de sua infinita sabedoria?
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(Originalmente publicado na revista “Arautos do Evangelho”, nº 62. Para acessar o exemplar do corrente mês clique aqui )
Ilustrações: Arautos do Evangelho, wiki, wordpress.
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