14 de jun. de 2018

Educando para o maravilhoso

Mons. João Clá Dias, EP

A inocência diante do maravilhoso
É indispensável alimentar a fé com as belezas da criação.
Tal sede de maravilhoso, tão viva no mundo dos inocentes,
deveria permanecer no horizonte dos adultos.

No trato com crianças não é difícil constatar o seu senso do maravilhoso. Quando o inocente está em formação e despontam os primeiros lampejos do uso da razão, ele se encanta com tudo quanto vê, acrescentando à realidade algo que ela, de si, não tem. Ou seja, imagina aspectos magníficos e grandiosos por detrás de aparências infantis. É isto que constitui a alegria da vida infantil.

Infelizmente, nos tempos hodiernos, que acumulam sobre si o fruto de vários séculos de decadência moral, procura-se arrancar às crianças, o mais cedo possível, o maravilhoso. E com esta perda vai-se embora também a inocência. Aos poucos os jovens são introduzidos num ambiente onde o hábito de admirar já não existe. Nas escolas e universidades, em geral, o que interessa é o concreto, o exato, a ciência, o número, a prova, o testemunho. Às vezes – o que é pior – até nos cursos de Religião se nota o empenho dos professores em dizer que nas Sagradas Escrituras muitos episódios não passam de lenda e fantasia, e não aconteceram como estão narrados. Tudo para dissuadir o aluno da ideia do milagre, da intervenção de Deus, do sobrenatural e da relação que há entre o homem, a ordem do universo e Deus.


Tal sede de maravilhoso, tão viva no mundo dos inocentes, deveria permanecer no horizonte dos adultos e, inclusive, crescer. É preciso continuar crendo na maravilha e alimentar a fé com a contemplação das belezas criadas por Deus, pois até um colibri tentando tirar o seu alimento de uma flor, com elegância e agilidade, nos remete a Deus, a seu poder e formosura.

(Revista Arautos do Evangelho No. 145, Agosto de 2014)

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