Mons. João Clá Dias, EP |
A inocência diante do maravilhoso
É indispensável alimentar a fé com as belezas da
criação.
Tal sede de maravilhoso, tão viva no mundo dos
inocentes,
deveria permanecer no horizonte dos adultos.
No trato com crianças não
é difícil constatar o seu senso do maravilhoso. Quando o inocente está em formação
e despontam os primeiros lampejos do uso da razão, ele se encanta com tudo
quanto vê, acrescentando à realidade algo que ela, de si, não tem. Ou seja,
imagina aspectos magníficos e grandiosos por detrás de aparências infantis. É
isto que constitui a alegria da vida infantil.
Infelizmente, nos tempos
hodiernos, que acumulam sobre si o fruto de vários séculos de decadência moral,
procura-se arrancar às crianças, o mais cedo possível, o maravilhoso. E com
esta perda vai-se embora também a inocência. Aos poucos os jovens são introduzidos
num ambiente onde o hábito de admirar já não existe. Nas escolas e
universidades, em geral, o que interessa é o concreto, o exato, a ciência, o
número, a prova, o testemunho. Às vezes – o que é pior – até nos cursos de
Religião se nota o empenho dos professores em dizer que nas Sagradas Escrituras
muitos episódios não passam de lenda e fantasia, e não aconteceram como estão
narrados. Tudo para dissuadir o aluno da ideia do milagre, da intervenção de
Deus, do sobrenatural e da relação que há entre o homem, a ordem do universo e
Deus.
Tal sede de maravilhoso,
tão viva no mundo dos inocentes, deveria permanecer no horizonte dos adultos e,
inclusive, crescer. É preciso continuar crendo na maravilha e alimentar a fé
com a contemplação das belezas criadas por Deus, pois até um colibri tentando
tirar o seu alimento de uma flor, com elegância e agilidade, nos remete a Deus,
a seu poder e formosura.
(Revista Arautos do
Evangelho No. 145, Agosto de 2014)
Nenhum comentário:
Postar um comentário