Fé em Deus, divina certeza
A insuperável Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo
é envolta em mistérios, a começar por existir n’Ele, com toda integridade, duas naturezas: a divina e a humana. |
Jesus,
como Homem, possui o conhecimento
experimental (cf. Lc 2, 52): aquele construído de modo progressivo, com
base na experiência. N’Ele, contudo, este conhecimento é incomparavelmente mais
rico e profundo, pela altíssima perfeição da inteligência, dos sentidos e dos
excelsos dons de que é dotada sua natureza (cf. Col 2, 3).
Ora, a este excelente conhecimento, se soma
a ciência infusa: o conhecimento de
todas as coisas, infundido na sua Alma humana desde o primeiro instante de sua
criação.
Ambos os conhecimentos são
ainda completados pela visão beatífica:
a Alma de Jesus foi criada já na perfeita e definitiva visão de Deus, que Ele
nunca perdeu, nem mesmo durante sua Paixão. Por ela, Cristo-Homem conhecia
todas as coisas – passadas, presentes e futuras – em seus mínimos aspectos,
como o próprio Deus as vê e conhece desde toda a eternidade.
E estes três altíssimos
conhecimentos – concedidos à natureza humana de Jesus – são coroados pela ciência divina, incomparavelmente
superior às demais e, entretanto própria à Pessoa d’Ele, em virtude de sua
natureza divina hipostaticamente unida à humana.
Cristo contemplou enquanto Homem a vitória da Igreja em cada era histórica e até em cada pequeno episódio da luta entre o bem e o mal Monsenhor João Clá Dias, fundador dos Arautos do Evangelho |
Logo, assim como o vigia,
vendo a terra ao longe do alto do mastro, não participa da insegurança dos que
estão no tombadilho a respeito do bom rumo do barco, Cristo contemplou enquanto
Homem, e desde o primeiro instante da criação de sua Alma, não apenas o triunfo
final e estrondoso do Bem (cf. Ap 11, 15-18), mas também a vitória da Igreja em
cada era histórica, e até em cada pequeno episódio da luta entre o bem e o mal
(cf. Gn 3, 15). Portanto, nunca pôde existir em Nosso Senhor a menor fímbria de
insegurança; n’Ele só havia certeza, absoluta e total. O que para nós é fé,
para Ele é visão!
Nós homens, sim, estamos
sujeito às incertezas da vida. E é pela fé em Jesus e na Revelação –
“fundamento da esperança” e “certeza a respeito do que não se vê” (Hb 11, 1) -,
que nos é dado participar daquela certeza desde sempre existente em cristo,
triunfo dos humildes e força dos fracos (cf. Fl 4, 13), a única na qual se
podem encontrar, neste mundo, a verdadeira paz e segurança.
O demônio, rejeitando a
Deus, tornou-se de todo carente de fé, transformando-se assim, de anjo de luz,
num ser – além de abjeto – supremamente inseguro, incerto e inquieto.
A nós é dado optar entre a
segurança que nos vem da fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, e a pseudo-segurança
enganosa oferecida pelas ilusórias promessas do “príncipe deste mundo” (Jo 16,
11) que, de falsa vitória em verdadeira ruína, é vencido sucessivas vezes por
Deus, até terminar como o eterno derrotado.
(Revista Arautos do Evangelho - Maio/2015)
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