Venerado na Catedral de Valência, Espanha, o cálice da Primeira Missa foi utilizado pelos Papas dos primeiros tempos. |
"do mesmo modo, terminada a ceia,
tomou este cálice glorioso
em suas santas
e veneráveis mãos..."
tomou este cálice glorioso
em suas santas
e veneráveis mãos..."
Se você leitor, tivesse podido participar
da última Ceia, já imaginou com que cuidado procuraria
guardar na memória tudo quanto ali ocorreu?
Cada gesto de Nosso
Senhor, cada palavra d'Ele seria como um valioso tesouro de recordações para o
resto de sua vida.
Mas a realidade foi outra.
Apenas os Apóstolos estavam à mesa com Jesus, quando Ele celebrou a Primeira
Missa. Somente eles?
Para Deus não há tempo,
tudo é presente. E por isso, Nosso Senhor Jesus Cristo, ao celebrar a Última
Ceia, não tinha diante de Si apenas os Doze Apóstolos. Como Deus, Ele
considerava também todos os membros da Igreja que ao longo dos séculos participariam
do banquete eucarístico e se alimentariam de seu Corpo e Sangue. Na Santa Ceia,
Ele nos tinha em vista, a todos nós, a você, leitor, e rezava ao Pai Celestial
pela salvação de cada um. E, nesse sentido, nós também estivemos lá.
Por esse motivo, quando
participamos da Celebração Eucarística e ouvimos o sacerdote pronunciar as
palavras da Consagração, podemos fazer-nos presentes na Última Ceia, à mesa com
Jesus, ouvindo seus divinos ensinamentos, recebendo de suas adoráveis mãos o
Pão Eucarístico, bebendo seu Preciosíssimo Sangue ou encostando a cabeça no
peito do Senhor e ouvindo o pulsar de seu Divino Coração.
Isso torna-se mais
facilmente sensível quando estamos diante de uma das mais preciosas relíquias
de Nosso Senhor Jesus Cristo: o Cálice que Ele usou na Última Ceia para
consagrar o vinho. Poucos Papas tiveram o privilégio de celebrar com ele a
Santa Missa. Levado para Roma por São Pedro, foi utilizado pelos Papas dos
primeiros tempos, na Celebração Eucarística.
Segundo os historiadores,
no Cânon Romano mais antigo encontra-se uma referência à existência desse Santo
Cálice, pois no rito da consagração do vinho se dizia: "do mesmo modo,
terminada a ceia, tomou este cálice glorioso em suas santas e veneráveis
mãos...". Muitos opinam que "este cálice glorioso" é uma menção
a um cálice concreto, ou seja, àquele que o Senhor usou na Última Ceia. Durante
a perseguição do imperador Valeriano, São Lourenço o enviou para a Espanha, em
meados do século III, a fim de evitar que ele caísse em poder dos pagãos. Hoje
em dia, esta relíquia é venerada na Catedral de Valência.
Quando participamos da
Celebração Eucarística, embora o celebrante não tenha em suas mãos uma relíquia
tão preciosa, e nossos olhos apenas vejam o altar e o sacerdote, a Fé nos
ensina ser Jesus que, pelos lábios do ministro sagrado, pronuncia as palavras
da Consagração, como na Última Ceia. No Sacrifício Eucarístico o passado se faz
presente, e também nós estamos diante de Jesus no Cenáculo, como na Primeira
Missa.
(Revista Arautos do
Evangelho, Agosto/2006, n. 56, p. 50)
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