São José: criado para proteger seu Criador |
São José
Tão pouco conhecido e
tão imerecidamente ignorado
Por um supremo desígnio da
Sabedoria Divina, Cristo devia nascer de uma Virgem, sem concurso algum por
parte de varão. Neste fato maravilhoso, dir-se-ia ter Deus esgotado sua
capacidade de realizar milagres na mais bela expressão possível de seu poder, mediante
uma exceção natural que, ao mesmo tempo, constitui a operação sobrenatural por
excelência: a força do Altíssimo cobriu Maria com sua sombra, e Ela concebeu do
Espírito Santo (cf. Lc 1, 35).
Entretanto, quis o Pai que
Jesus, assim como fora cuidado e envolto pelos inefáveis carinhos maternos da
mais excelsa das mulheres, fosse também protegido e defendido pelo enérgico
vigor do mais perfeito dos homens.
Não é à toa que Deus
escolheu um varão para ser o protetor terrestre de seu Filho Divino. Por um lado,
Ele determinou que Jesus deveria ser em tudo semelhante aos homens, exceto no
pecado (cf. Hb 4, 15), e crescer, portanto, no seio de uma família
perfeitamente constituída conforme os desígnios do Criador. Mas quis também que
o Cristo passasse pelas mesmas vicissitudes pelas quais passaria depois seu
Corpo Místico, seguindo seus próprios passos: assim como a Igreja no período de
sua “infância”, Jesus também seria perseguido e precisaria de uma forma de
proteção especialmente vigilante.
Coube a São José esta
glória inédita na História, a de uma criatura proteger seu criador. Podemos daí
deduzir a grandeza ímpar de sua alma, tão pouco conhecida e tão imerecidamente
ignorada. Com efeito, seria ingênuo crer que sua missão se cingiu apenas em
promover a fuga de Jesus para o Egito, e a trazê-Lo de volta, cessado o perigo;
esta foi apenas uma das muitas circunstâncias da vida do Divino Menino junto a
quem o glorioso Patriarca era chamado a representar a presença de Deus como
Pai, numa expressão de vigilância perscrutadora, prudência sábia e força
indomável.
Homem sempre pronto para a
luta, embora constantemente envolto num clima interior de contemplação e
recolhimento, São José foi – no plano operativo – o paradigma do equilíbrio
entre combate e diplomacia, cuja arma principal consistia na sua mera ação de
presença. Quem, por exemplo, ousaria menosprezar o perigo que ocorreu Jesus no
Templo aos 12 anos (cf Lc 2, 46), sozinho no meio daqueles que – escassos 21
anos depois – promoveriam sua Crucifixão? Compreende-se facilmente a aflição de
seus pais, encontrando-O naquela situação... Quem pode dizer o que aconteceria,
se ali não tivessem aparecido o santo Varão e sua Esposa ambos virgens e
terríveis ”como um exército em ordem de batalha” (Ct 6, 4), a irradiar o
esplendor da força divina no lugar onde o Menino Deus mostrava apenas a
debilidade de sua natureza humana?
Ora, este sublime Protetor
que o Pai Lhe deu nesta Terra, Jesus no-lo deixou como herança. E São José
cuida agora da Igreja, Corpo Místico de Cristo. Assim, se temos na Virgem
Santíssima um caminho seguro para alcançar o Coração de Jesus, temos em São
José um padroeiro infalível para proteger-nos no percurso e conduzir-nos a bom
termo.
(Revista Arautos do Evangelho, No. 179 - Novembro de 2016)
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