Mês
de Maria
Para ajudar-nos a louvar devidamente a Mãe do Céu,
no mês especialmente consagrado a Ela,
Dr. Plinio nos sugere uma oração, diversas reflexões
e uma conveniente atitude de alma.
Cantor das bondades da Mãe da Divina Graça Prof. Plinio Corrêa de Oliveira |
Segundo a bela tradição
católica, o mês de maio é dedicado a Nossa Senhora, e nada de mais próprio do
que seus filhos e devotos festejarem-Na. É a ocasião de Lhe tributarem, de modo
especial, toda a veneração, amor e carinho que lhes inunda o coração. É também
a época de se solidarizarem de maneira mais profunda com Ela em suas apreensões
de Mãe pela salvação das almas e pelo bem da Santa Igreja.
Provas de nosso amor
Para Lhe render essa homenagem,
devemos começar por dizer a Nossa Senhora que reconhecemos ser Ela uma razão
constante de alegria para os católicos, em todas as circunstâncias. Maria
Santíssima é de tal maneira a Causa
nostrae laetitiae – “causa de nossa alegria”, como A invoca a Ladainha
Lauretana -, que o foi até mesmo na mais triste das situações, ou seja, quando
seu Divino Filho padeceu e morreu pela redenção do gênero humano. Durante a
Paixão, a presença d’Ela era um elemento de alegria e de satisfação para nós.
Devemos compreender, além
disso, que o nosso preito filial não pode consistir meramente em comemorar as
alegrias que Nossa Senhora nos dá, mas tem de comportar igualmente a
consideração do que Ela sente ao ver as almas em perigo, ao ver a imensidão dos
pecados que se alastram sobre a face da terra, ao ver filhos que Ela tanto ama,
extraviados nos caminhos da perdição. Daí a nossa repulsa vigorosa ao mal que A
entristece, e o nosso desejo de repará-La, e a seu adorável Filho, ser o
termômetro de nossa entranhada veneração a Ela.
Pedir as graças que os outros recusam
Se, porventura, tomamos consciência de que esse nosso amor mariano é débil e fraco, devemos fazer um pedido a Nossa Senhora.
Por sua onipotente
intercessão, a Santíssima Virgem faz chover de modo contínuo sobre o mundo
graças de devoção e de fidelidade a Ela, assim como graças de repúdio ao mal e
às tentações do demônio. E, infelizmente, essas graças não são recolhidas nem
correspondidas da maneira tão ampla como deveriam ser. Muitas delas caem em
chão arenoso ou em pedras onde não desabrocham. Devemos, então, ser sensíveis a
essa prodigalidade de dons celestiais, não permitir que se desperdicem, e
dirigir a Nossa Senhora esta súplica:
“Ó
minha Mãe, por vossa insondável misericórdia, concedei-me as graças que os
outros não aproveitam. Enchei minha alma com as dádivas divinas que reservastes
para terceiros e que foram recusadas. Desse modo, correspondendo eu, amparado
por vosso maternal auxílio, poderei reparar em algo a tristeza que representa
para Vós a visão dessa caudal de graças sem aproveitamento. E que assim, ao
menos neste vosso mísero escravo, resplandeça o dom feito aos homens. Amém.”
Na Sagrada Eucaristia, devemos pedir por meio de Maria, que sejam recolhidas em nossa alma as graças que os outros recusam |
Maria jamais nos abandona
Para aproveitarmos de modo útil o mês de maio, além de conservar essas intenções, seria interessante dedicar cada dia alguma reflexão sobre Nossa Senhora, que alimente nosso Rosário e nossa piedade.
Nesse sentido, evoco aqui
um fato passado numa antiga cidade polonesa, na ocasião em que estava sendo
invadida por cruéis inimigos da religião católica.
Não podendo mais resistir,
os habitantes fugiram, abandonando tudo. Ali vivia São Jacinto, digno filho de
São Domingos de Gusmão e ardentíssimo devoto de Nossa Senhora. Antes de escapar
dos agressores, foi se despedir da Padroeira da cidade, uma bela imagem da
Virgem Santíssima, talhada em alabastro. Enquanto se recomendava a ela, ouviu-a
distintamente murmurar: “E eu? Tu me abandonas? Leva-me contigo!”
O santo não sabia o que
fazer. A imagem era muito pesada, não a podia carregar sozinho. Porém, apenas a
tentou tomar em seus braços, sentiu-a leve como uma pena. A imagem perdeu todo
o seu peso, por um milagre da poderosíssima Mãe de Deus. Surpreso e admirado,
São Jacinto a estreitou devotamente e tomou com ela o caminho da fuga.
Este episódio nos mostra
como Nossa Senhora preza suas imagens, como se sente representada dignamente
por elas, e como não deseja que se faça a elas o que não é respeitoso nem
correto fazer a Ela mesma. Maria obrou um prodígio para que sua imagem fosse
levada embora de um local onde provavelmente seria profanada pelos que
ameaçavam a cidade.
Por outro lado, vemos como
Nossa Senhora se compraz em nos acompanhar através de suas imagens, e quer que
as imagens d’Ela nos acompanhem. E assim operou um verdadeiro milagre para que
a Padroeira acompanhasse seus filhos ao longo do êxodo que se viram obrigados a
empreender. Uma imagem de alabastro, pesadíssima, além de se fazer ouvir pelo
santo, torna-se leve e facilmente transportável. É um modo de Nossa Senhora nos
dar a entender como deseja estar presente no meio de seus filhos.
Que aplicação colheremos
desse fato para a nossa vida cotidiana?
Manifestando esse desejo
de que suas imagens sejam de seus filhos, Nossa Senhora quer fazer notar quanto
nos acompanha em todas as vicissitudes e em todas as circunstâncias de nossa
existência. Se um símbolo d’Ela não nos abandona, quanto menos nos abandonará a
própria Simbolizada!
Quer dizer, em qualquer
situação em que estejamos, em todas as latitudes, em todas as longitudes, nas
maiores elevações como também nos períodos mais tristes de nossa vida
espiritual, há um olhar de Nossa Senhora que nos segue. Há uma proteção e uma
providência particular de Maria Santíssima que nunca nos perde de vista e
jamais nos abandona.
Em todos os instantes de nossa vida, Maria Santíssima estará sempre ao nosso encalço, amparando-nos e nos protegendo, na sua qualidade de Mãe e divina Pastora Nossa Senhora Divina Pastora (Espanha) |
Cumpre insistir, a Virgem
jamais nos desampara. Pois se uma imagem alabastro – que, afinal, não é senão
alabastro – vai ao encalço dos devotos dela, mais ainda velará Maria, em
pessoa, por todos e cada um de seus filhos. Nossa Senhora irá ao meu
encalço como a divina Pastora que Ela é. E posso ter, portanto, essa serenidade
e essa segurança no transcurso de minha vida: a todo instante pairam sobre mim
a proteção e o olhar de nossa Mãe Santíssima.
Eis algumas piedosas
considerações que nos ajudarão a celebrar o mês de Maria.
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