Mais um veículo de comunicação sai em defesa dos Arautos do Evangelho
baseou-se em fraudes jornalísticas
Da Redação 22/06/2017
Ao ignorar as técnicas
mais básicas do jornalismo (apurar e checar), muitos profissionais da área
acabam por praticar uma "barrigada", que no jargão jornalístico é uma
matéria falsa ou errada, publicada com grande estardalhaço.
Caso exemplar de
"barrigada", que resultou em vergonha internacional, aconteceu com o
jornalista Mário Sérgio Conti. Era junho de 2014. Época de Copa do Mundo, e
Conti entra em um voo do RJ para SP quando encontra o então técnico da Seleção
Brasileira, o Felipão, acompanhado do Neymar.
O jornalista que escreve
para o Globo, Folha de São Paulo e tem um programa na Globo News, não teve
dúvida e foi entrevistar o técnico da seleção, em busca do "furo",
que é o jargão utilizado para uma informação publicada em um veículo antes de
todos os concorrentes.
Nem passou pela cabeça de
Mário Sérgio Conti que a presença de Felipão, naquele voo, não fazia sentido,
já que a seleção tinha jogado horas antes em Fortaleza.
Não era o Felipão. Era um
sósia, o ator Wladimir Palomo, que faz o personagem Felipão em eventos. Neymar,
que o acompanhava, também era um ator. Em um determinado momento o
"Felipão" afirmou: "Se tivéssemos três como ele (o Neymar), a
Copa seria uma tranquilidade". A frase virou manchete no UOL, Folha de São
Paulo e Globo, desmoralizando os veículos.
O erro foi logo percebido,
a matéria retirada do ar e substituída por um "Erramos", o que
obrigou Conti a se desculpar com os leitores.
Ao que parece, os grandes
veículos que pensam dominar o mercado de comunicação nacional teimam em passar
vergonha através de seus profissionais. É o que vem acontecendo desde semana
passada, após avassaladora enxurrada de
notícias falsas sobre a Associação Católica Arautos do Evangelho,
instituição que possui cerca de 200 sacerdotes devidamente ordenados e com
presença em 78 países.
O jornal ‘O Globo’ lançou
matéria dizendo que a instituição possui padres exorcistas que são satanistas.
A ‘Folha de São Paulo’ alegou que os membros da instituição desejavam a morte
do Papa e que fizeram pacto com o diabo. Não demorou muito e as matérias foram
se reproduzindo em outros jornais seculares de diversos tamanhos, inclusive no
exterior. Ou seja, notícias mal produzidas, descompromissadas com a verdade,
são fraudulentas e terminam por caluniar uma entidade séria.
O Departamento de Imprensa
dos Arautos questionou a forma e o teor da publicação: "Surpreende que um
jornalista de publicação séria como a Folha de São Paulo, tenha fundamentado
sua nota somente no sensacionalista Daily Beast, conforme atestava seu editor
chefe em entrevista datada de 2015, 'Busca coleções, escândalos e histórias
sobre mundos secretos'. Com qual intuito?".
Não dá pra negar que as
manchetes estimulam a curiosidade do leitor, mas, basta pensar um pouco (muito
pouco mesmo) e perceber que as matérias são incongruentes na essência. Seria o
mesmo que soltar uma matéria com o título "construtor de casas deseja que
pessoas morem na rua e não comprem mais moradias". Surreal assim.
A única explicação
plausível para tais publicações denominadas atualmente de "fake news"
é caluniar e criar uma imagem extremamente negativa sobre tal entidade, que,
não por coincidência é uma instituição católica. A forma e conteúdo da notícia
apontam para uma prática já conhecida no meio jornalístico: a "rec",
quando a matéria é "recomendada" pela alta direção da empresa ou
atende interesses de pessoas ou entidades a eles ligados.
É obrigação do jornalista
apurar e checar antes de divulgar. A apuração está associada a checagem dos
fatos, e é o que difere os jornalistas de todos os outros profissionais
envolvidos na elaboração de um jornal. Também é uma maneira de tentar aproximar
a informação da verdade jornalística, o que, definitivamente, não aconteceu
neste caso.
Antes de escrever essa
matéria, o Expresso Ceará checou como e quem falou em nome dos Arautos do
Evangelho para tratar com os jornalistas sobre os assuntos abordados. Para
surpresa infeliz, os Arautos não foram procurados. Ninguém buscou checar a
fonte para ouvir o outro lado. Mais uma triste página a constar na história do
jornalismo.
Muitas das falsas matérias
afirmavam que havia sido montada uma comissão do Vaticano para investigar os
Arautos. Ocorre que nem a Santa Sé se pronunciou sobre isso. E vale lembrar que
a instituição católica Arautos do Evangelho possui o Direito Pontifício dado
pelo então papa João Paulo II e confirmada pelo sucessor, Bento XVI.
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