— Qual o filho que a senhora mais ama?
Com um sorriso afável, ela respondeu:
— O filho doente, até que sare;
— O que partiu, até que volte;
— O que está estudando, até que aprenda;
— O que não trabalha, até que se empregue;
— O que chora, até que se cale”;
— O que está triste até que se alegre;
— O que esqueceu-se de Deus até que d’Ele se lembre;
— E… — sem o sorriso… —o que me deixar, até que o reencontre”.
Por que Deus pôs tanto amor assim no coração materno? Por uma razão muito simples:
Entre outras coisas, poderíamos dizer ter sido foi porque queria que, ao referir-se à sua Mãe, pudessem dizer para a criança:
“Mamãe do Céu”
Estamos
vivendo um trágico centenário: o da Primeira Guerra Mundial. Nestes
dias, há cem anos atrás, começava a guerra que ceifou cerca de 10
milhões de vidas, a maioria de jovens… cujas mães os esperavam em casa.
A Mãe do Céu, porém, os acompanhava.
O fato que transcrevemos a seguir, bem mostra isso.
SUA MÃE, MINHA MÃE
Irmã Maria Angélica Iamasaki, EP
Todos dormiam na apertada trincheira em plena Primeira Guerra Mundial. Todos, menos um jovem soldado.
Aquele dia
foi extremamente fatigante, nada mais desejava ele que descansar como
os seus companheiros do batalhão, caídos num pesado sono. Contudo, uma
preocupação o impedia de dormir.
Não o
inquietavam os perigos de um ataque noturno do inimigo, nem os riscos da
batalha no dia seguinte, mas sim o fato de ter perdido seu escapulário
de Nossa Senhora do Carmo, dado por sua mãe quando partia para a guerra.
Lembrava-se
bem que naquela tarde, depois de passar por uma cidade abandonada pelas
tropas inimigas, os veículos do batalhão avançaram até uma antiga casa
de fazenda localizada nas proximidades, e ali acamparam. Atrás da casa
havia uma torneira e um tanque de água, oferecendo ótima oportunidade
para lavar-se após um dia inteiro de combates.
O jovem
pendurou calmamente a jaqueta, pôs em cima o escapulário e começou a
ensaboar as mãos quando… soou o alarme, estouraram tiros de artilharia.
O batalhão
recebeu ordem de avançar e desalojar o inimigo entrincheirado três
quilômetros adiante. Mais uma hora de combate, e ei-lo ali, alojado na
trincheira recém-conquistada.
Mas seu
precioso escapulário tinha ficado junto ao tanque. Voltar agora para
buscá-lo, era impensável. Tentou não pensar mais no assunto e dormir um
pouco, mas, não conseguindo, decidiu enfrentar o risco.
Levantou-se
discretamente e correu até a casa da fazenda. Lá chegando, apalpou, na
escuridão da noite, a torneira, os canos e objetos ao redor, o chão…
nada encontrou! Quando procurava no bolso a caixa de fósforos, ouviu uma
terrível explosão. O inimigo atacava. Seu dever era voltar logo ao
posto de combate.
Ao chegar
junto à trincheira, deparou-se com uma cena espantosa: no exato lugar
onde, poucos minutos atrás, dormiam seus companheiros, havia apenas uma
enorme cratera.
Restavam
apenas objetos irreconhecíveis, lodo e rolos de arame farpado. Era ali
que ele, há pouco, estivera deitado! Se não tivesse saído para procurar
seu escapulário, também ele teria sido destroçado. Nossa Senhora do
Carmo lhe havia salvo a vida!
Na manhã seguinte, qual não foi sua surpresa ao encontrar na cozinha do acampamento um companheiro de trincheira.
— Eu pensei que você também tivesse voado pelos ares!
O outro, não menos espantado de vê-lo vivo, explicou:
— De fato,
eu já tinha me deitado, mas logo me levantei, saí da trincheira e fui
lhe procurar. Enquanto andava pelo acampamento à sua procura, ocorreu a
explosão.
— Bem, eu escapei por um fio de cabelo também. Mas… por que motivo você me procurava àquela hora da noite?
— Para entregar-lhe isto que você esqueceu junto ao tanque de água ontem à tarde.
Assim dizendo, devolveu ao jovem soldado o escapulário recolhido por ele na velha casa de fazenda…
(Artigo condensando a narrativa de um veterano de guerra, publicado na
revista “Arautos do Evangelho”, nº44, p. 47)
–
Ilustrações: Armée Francaise-Photogram, Wiki
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