Naqueles
dias, tudo nos encantava: as cores das asas de uma borboleta, os
esforços de uma formiguinha para carregar uma folha muito maior do que
ela, os cambiantes desenhos das nuvens, formando ora um rosto, ora a
silhueta de algum animal; mais ainda, as árvores de Natal, carregadas de
luzinhas e bolas coloridas. Em outras ocasiões, nos maravilhávamos com
uma cerimônia na igreja paroquial, ou com um presépio no qual,
silenciosos e recolhidos, estavam São José e Nossa Senhora velando o
Menino Deus.
Verdade é
que, naquele ditoso tempo nossa inocência ainda não enfrentara a luta, a
qual se introduz de modo paulatino em nossa vida já nos primeiros anos
de escola: o esforço para cumprir o dever, o estar longe do lar, o
comportamento agressivo de certas amizades. Com o correr dos anos,
outros interesses vão absorvendo nossa atenção, e por fim nosso mundo
encantador é, infelizmente, com frequência quebrado e manchado por
nossas próprias faltas.
Conservar a
inocência até a idade adulta é um dom de Deus, e hoje poucos o
conseguem. Contudo, recuperá-la talvez seja dádiva ainda mais preciosa, e
isso está ao alcance de todos, por meio do confessionário e da emenda
de vida.
Através
desse prisma pessoal, podemos considerar devidamente a situação do mundo
e nos perguntar, uma vez mais, o que trará este Novo Ano: catástrofes
ou alegrias? Se trilharmos as vias do pecado, correremos um sério risco
de sermos abalados e arrastados pelos turbilhões amargos dos
acontecimentos. Todavia, se nos mantivermos na inocência, ainda que
apareçam situações trágicas diante de nós e as calamidades rujam ao
nosso redor, conservaremos a alegria, a paz interior e a verdadeira
felicidade, na certeza inabalável de que Deus vela por nós.
.
(Adaptado da revista Arautos do Evangelho, nº 97, janeiro de 2010, p. 5. Para acessar o exemplar do corrente mês clique aqui )
Ilustrações:Arautos do Evangelho, Studad
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